Em depoimento como testemunha de defesa no julgamento que apura suposta tentativa de golpe de Estado por parte do ex-presidente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), negou qualquer menção do ex-presidente à possibilidade de ruptura institucional após a eleição de 2022.
O testemunho, concedido de forma virtual, teve duração de cerca de oito minutos e contou com a presença do próprio Bolsonaro, do ministro Alexandre de Moraes e do procurador-geral da República, Paulo Gonet, entre outros.
O governador foi questionado sobre as visitas feitas a Bolsonaro entre novembro e dezembro de 2022, após a derrota eleitoral.
Tarcísio confirmou que esteve com Bolsonaro em pelo menos cinco ocasiões e afirmou que suas idas ao Palácio da Alvorada eram motivadas por gratidão e amizade. “Toda vez que eu ia a Brasília, eu procurava ir no Palácio da Alvorada para transmitir a minha solidariedade, meu abraço, meu respeito e conversar com o presidente”, disse.
Segundo o governador, durante essas conversas, Bolsonaro demonstrava tristeza e preocupação com o futuro, mas jamais indicou qualquer intenção de romper com a ordem democrática. “Jamais mencionou qualquer tentativa de ruptura. Eu encontrei um presidente que estava triste, resignado”, declarou Tarcísio. “Esse assunto nunca veio à tona.”
O governador também relatou que Bolsonaro demonstrava apreensão com o que considerava riscos de retrocessos nas reformas feitas em seu governo. “A preocupação sempre era que a coisa desandasse, que houvesse uma interrupção num curso de reformas que foram importantes”, afirmou.
Tarcísio contou que buscava conselhos do ex-presidente sobre a formação de seu secretariado em São Paulo. Segundo ele, Bolsonaro “sempre teve comigo no sentido de orientar, de transmitir a experiência dele para que eu também pudesse tomar as melhores decisões”.
Ainda durante o depoimento, o governador foi questionado sobre possíveis contatos com outros integrantes do alto escalão do governo Bolsonaro e se teve conhecimento de qualquer planejamento que envolvesse os atos de 8 de janeiro. “Não. Só com o presidente Bolsonaro”, respondeu. E reforçou: “Não tive conhecimento de nenhum fato que relacione o presidente Bolsonaro aos eventos de 8 de janeiro.”
Ao final da oitiva, Tarcísio lembrou que já em 5 de novembro de 2022, Bolsonaro havia nomeado o então ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, para comandar a transição de governo.
“Já tinha uma pessoa designada para conduzir todo aquele processo de transição”, afirmou, acrescentando que o ex-presidente chegou a dizer em uma live: “Olha, tem a preocupação, mas nada termina com o novo governo. A vida segue, a vida continua.”
O governador foi dispensado após o breve depoimento, sem questionamentos adicionais da Procuradoria-Geral da República ou da defesa. E mais: Trump dobra tarifa sobre aço e alumínio e afeta Brasil. Clique AQUI para ver.