Mais um repórter pede demissão da Globo: “sorte para quem fica”

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Parece que o tempo em que todos os jornalistas do Brasil tinham como meta trabalhar na Globo é passado. Mês após mês, ano após ano, o número de profissionais que se despedem da emissora por conta própria só aumenta. E a maioria sequer tem o famoso ‘novo emprego em vista’.

O mais recente da lista de baixa da emissora carioca é Gabriel Prado (foto acima), que pediu demissão após uma década de trabalho na Globo.

A informação foi confirmada pelo repórter em publicação no Instagram. “Nunca imaginei que poderia ter vivido tudo que vivi nessa emissora […] Posso dizer com segurança: foi a TV que me transformou em um jornalista de verdade”, escreveu Gabriel na postagem.
Ele também agradeceu a Globo News, onde começou sua jornada pela casa: “Obrigado, GloboNews: pelas oportunidades, amizades com os melhores profissionais e com milhares de seguidores que, todos os dias, tocam a campainha desse Instagram e fazem o meu trabalho ganhar sentido”, completou o jornalista.

E terminou dizendo: “Força e sorte para quem fica. E para quem segue: ‘vamo’ que ‘vamo’ e pau no gato!”, concluiu. Além de jornalista, Gabriel também se apresenta como ‘palestrante, professor e mentor em comunicação.

Outras baixas
Dias antes da saída de Gabriel, a repórter e apresentadora da Globo-SP Natália Ariede anunciou que estava deixando seu cargo na emissora em São Paulo. Clique AQUI para ver mais.

Segundo reportagem da revista Veja, a repórter sentia que, apesar de ter conquistado muitas coisas dentro da emissora, “não havia espaço para mais crescimento profissional”. Ariede é apresentadora eventual dos telejornais locais de São Paulo, SP1, SP2 e Bom Dia São Paulo.

Em dezembro, Marco Aurélio Souza, um dos principais repórteres esportivo de São Paulo, pediu demissão devido a um diagnóstico de burnout que teve no primeiro semestre. Clique AQUI para ver mais.

Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho.

Além das saídas voluntárias, a própria emissora realizou nos últimos quatro anos um grande corte de funcionários entre seus nomes mais experientes.

Em 2021, em apenas um semestre, foram 12 nomes importantes, como Carlos Cereto, Fernando Saraiva, Francisco José, Renato Machado, Isabela Assumpção, José Hamilton Ribeiro, Eduardo Faustini, Roberto Paiva, Arie Peixoto (hoje na Record), Alberto Gaspar, Alexandre de Oliveira, além do produtor Robson Cerântula. O tempo de casa desses variava entre 15 anos (com menos tempo) a 46 anos (Francisco José, repórter do Globo Repórter).

Em 2022, outro demitido da casa, o repórter Marcos Uchoa associou as demissões em massa na TV Globo ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista concedida ao podcast Inteligência Ltda, atração comandada por Rogério Vilela, Uchoa afirmou:

“Eu não tinha mais contrato. Foi uma das coisas que o Bolsonaro fez… antes, pessoas que tinham um salário melhor na Globo ganhavam como pessoa jurídica. No primeiro ano de governo, ele já foi em cima em termos trabalhistas, dizendo que isso não podia ser assim, e todo mundo passou a voltar a ser funcionário. Até o Galvão, até o Faustão”, afirmou.

“Eu era uma pessoa contratada como outra qualquer. Não tinha um período para vencer o contrato. Pedi demissão normalmente. Expliquei que queria sair. Não tenho nenhuma mágoa da Globo. É claro que houve momentos em que quis fazer coisas que não pude fazer, porque eles não deixaram, mas é a regra do jogo”, acrescentou.

Processo
Ao menos uma dessas demissões resultou num processo trabalhista contra a Globo. Veruska Donato entrou na Justiça na última terça-feira (31) contra a ex-empregadora, por dívidas trabalhistas e assédio moral, inclusive com cobranças ligadas a padrões estéticos.
As exigências também teriam desenvolvido na jornalista um quadro de burnout. O valor da ação é de R$ 13 milhões.

De acordo com publicação do Notícias da TV, Veruska também pede reconhecimento de vínculo empregatício, já que trabalhou como PJ (Pessoa Jurídica) durante 17 anos, entre 2002 e 2019. Ela revela que a Globo só assinou sua carteira nos dois últimos anos. Com isso, os advogados da profissional querem todos os direitos trabalhistas do período em que ela não era registrada.

Além do assédio moral e dos problemas trabalhistas, a defesa de Veruska Donato afirma que a repórter não pediu demissão da emissora em 2021, mas que foi demitida pela Globo cinco dias após retornar de um afastamento médico.

A jornalista, que trabalhou na emissora durante 21 anos, anexou à ação um e-mail enviado pela chefia em que roupas de tecido aderente são consideradas “um perigo” para o visual porque marcam “um estômago mais avantajado e barriguinhas persistentes”.

“Tanto malhas quanto pano corrido que tenham fio de elastano na composição representam perigo em potencial para o figurino. A malha muito apertada marca detalhes, que não deveriam ser marcados, como dobras provocadas pelo sutiã, um estômago mais avantajado, barriguinhas persistentes, especialmente nos tons mais claros.”

A emissora também critica o figurino dos seus jornalistas: “A necessidade de colocar o repórter mais próximo do telespectador fez com que os blazers fossem substituídos por camisas e blusas de tricôs, as unhas pudessem ter alguma cor e saias/vestidos passaram a fazer parte do dia a dia da repórter. Apesar disso, temos visto alguns visuais inadequados, mesmo para os tempos atuais”, diz o e-mail.

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