O ex-presidente Bolsonaro (PL) se reuniu na última quinta-feira (19) com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), em um encontro reservado no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia. A conversa, solicitada por Bolsonaro, ocorreu sem a presença de aliados como o senador Wilder Morais (PL-GO) e o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), que acompanharam o ex-presidente até o local, mas ficaram de fora da reunião.
Segundo apurou a Gazeta do Povo, o encontro foi um movimento de reconciliação entre duas das principais lideranças da direita, que estavam distantes desde as eleições de 2022, quando trocaram críticas públicas.
“Foi a primeira vez que o Bolsonaro veio aqui depois das eleições, quando a temperatura ficou bem quente”, afirmou o deputado Gayer. “Mas foi só isso. Caiado tentando se aproximar do Bolsonaro, Bolsonaro também. Não foi nada decisivo. Foi uma reaproximação, tomar um café, comer um pastel.”
O pano de fundo, no entanto, é político. Caiado é pré-candidato à Presidência em 2026 e busca atrair o apoio de setores do bolsonarismo para fortalecer seu nome nacionalmente. Bolsonaro, embora inelegível até 2030, segue sendo o principal articulador da direita e tem papel central nas estratégias do PL para as próximas disputas. Ele também insiste em reverter a inelegibilidade e disputar a eleição.
A conversa entre os dois, segundo Gayer, também tratou de críticas ao governo Lula, com ênfase na economia, segurança e agronegócio.
“Pontuamos tudo que está errado: o agro, como o pessoal do agro está sendo perseguido, o MST, a criminalidade subindo. Caiado falou muito das facções que dominam o Brasil”, relatou o deputado à Gazeta do Povo.
Após a reunião, Bolsonaro participou da feira agropecuária Agrovem 2025, onde voltou a criticar o governo Lula e reforçou seu vínculo com o setor rural. A presença no evento reforça sua estratégia de manter visibilidade e influência mesmo fora da disputa eleitoral.
Nos bastidores, a visita também movimentou as discussões sobre a sucessão ao governo de Goiás. Uma das principais indefinições é se o PL apoiará o nome do vice-governador Daniel Vilela (MDB), aliado de Caiado, ou se lançará candidatura própria. Wilder Morais já se coloca como pré-candidato ao Palácio das Esmeraldas e resiste à ideia de ceder o protagonismo local ao MDB.
A legenda de Bolsonaro enfrenta divisões internas no estado: das 246 cidades goianas, apenas 20 são administradas por prefeitos do PL. O restante pertence a partidos como União Brasil e MDB, que integram a base estadual de Caiado. Para aliados do ex-presidente, ceder ao MDB apenas para garantir uma vaga ao Senado seria um mau negócio.
Outro nome citado nas articulações é o de Gracinha Caiado, primeira-dama do estado, apontada como favorita para uma das duas cadeiras do Senado em 2026.
A expectativa é que ela lidere a disputa, com a segunda vaga ficando entre nomes como Gayer e Vitor Hugo (PL), este último cotado inicialmente para o Senado, mas agora estimulado por Bolsonaro a disputar uma vaga na Câmara dos Deputados.
Apesar de ainda embrionário, o encontro entre Bolsonaro e Caiado pode ser o primeiro passo para uma trégua mais ampla no campo conservador, mirando a unificação da direita nas urnas. Como disse Gayer: “Todo mundo vai ter que andar junto para desfazer o estrago que está sendo feito agora”. (Foto: EBC; Fontes: Gazeta do Povo)
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