Banco Central deve manter taxa de juros mesmo após críticas de Lula

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O Banco Central manterá uma postura ‘cautelosa’ na próxima semana mesmo após fortes críticas de Lula, mantendo a taxa básica de juros Selic nos níveis altos atuais, segundo uma apuração da agência de notícias internacionais Reuters. A taxa atual está em 13,75%, ainda reflexo da inflação causada por pandemia e guerra.

No início deste mês, Lula disse que a independência formal do banco central era “absurda” e questionou o alto custo dos empréstimos que está, na visão dele, sufocando a atividade econômica após 12 aumentos de juros em 2021-22 para combater o aumento dos preços ao consumidor.

Ministros de seu governo posteriormente tentaram minimizar as falas do petista.. Mas a mensagem de Lula, que já proporcionou um grande aumento de gastos públicos que já reacende as expectativas de inflação, ainda repercute entre os especialistas do mercado.

Segundo a Reuters, todos os 30 entrevistados na pesquisa realizada de 23 a 26 de janeiro pela agência acreditam que o Copom manterá sua taxa inalterada em 13,75% pela quarta vez consecutiva, na reunião de política monetária na próxima quarta-feira (1).

“A desancoração contínua das expectativas de inflação de longo prazo, combinada com o aumento dos gastos fiscais aprovados após a reunião do Copom em 7 de dezembro, pode justificar um tom mais hawkish”, disse Roberto Secemski, economista do Barclays.

“Atualmente, esperamos que o primeiro corte de juros aconteça em setembro, assumindo que a discussão da nova estrutura fiscal estará bem avançada no Congresso até lá, mas vemos riscos crescentes de um atraso no afrouxamento devido a pressões adversas sobre a inflação.”

No último ano do governo Bolsonaro, a inflação caiu drasticamente de cerca de 12,0% em abril do ano passado para 5,79% em dezembro. No entanto, a tendência de arrefecimento dos preços ao consumidor parou e a leitura de meados de janeiro ficou um pouco acima das estimativas do mercado.

A meta oficial de inflação é de 3,25% com margem de mais/menos 1,5 pontos percentuais. Em sua última avaliação, o presidente do banco, Roberto Campos Neto, disse esperar uma taxa de 5,0% em 2023, que superaria a meta pelo terceiro ano consecutivo.

Diz a Reuters que, embora tenha efetivamente atribuído a piora do cenário às possíveis repercussões dos planos fiscais de Lula, “Campos Neto evitou alimentar mais polêmicas, enfatizando a necessidade de um banco central autônomo”.

Custos de empréstimos elevados devem congelar o crescimento econômico do Brasil quase até a estagnação neste ano no Brasil, em meio a um cenário global moderado em 2023, com riscos inclinados para baixo para a economia.

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