Na cidade de Val di Zoldo, situada a 115 quilômetros de Veneza, uma cena inusitada está chamando a atenção.
O prefeito Camillo De Pellegrin decidiu expressar sua frustração diante do significativo aumento no número de solicitações de cidadania italiana vindas do Brasil. Em um gesto surpreendente, ele hasteou a bandeira brasileira ao lado das tradicionais bandeiras italiana, da Comunidade Europeia e do próprio município.
Com quase 500 processos pendentes, alguns remontando a 2018 e 2019, a administração local parece estar lidando com um volume considerável para sua estrutura reduzida, o que levou o líder municipal a tomar uma atitude peculiar de protesto.
Além de erguer o símbolo brasileiro na fachada da prefeitura, a cidade foi temporariamente renomeada como “Comune di Val di Zoldo del Brasile, Stato del Rio Grande do Sul”, em um toque irônico à situação.
O prefeito, ao anunciar sua decisão publicamente, deixou claro que dará prioridade às demandas dos cidadãos ítalo-brasileiros para evitar possíveis complicações legais. Ele expressou sua intenção de abordar inicialmente os pedidos de cidadania por descendência sanguínea, alinhando-se às diretrizes estabelecidas pelo Estado.
Um ponto intrigante nessa narrativa é que o prefeito Camillo De Pellegrin também é um imigrante, tendo nascido na Alemanha, conforme registrado em seu cadastro eleitoral. Segundo informações do portal especializado ‘Italianíssimo’, outra peculiaridade é que a imprensa italiana, em sua maioria contrária ao direito de cidadania para descendentes de brasileiros, pode utilizar esse episódio como mote para iniciar um debate.
Para complicar ainda mais, a Justiça Italiana passou a enxergar os cidadãos italianos por direito de sangue como um “risco democrático” para o país. Isso porque o presidente do ‘Tribunal de Apelação’ (Segunda Instância), Carlo Citterio, expressou preocupação com o aumento das solicitações de reconhecimento da cidadania italiana, principalmente provenientes do Brasil, considerando-as uma ameaça à “ordem democrática” da República Italiana. Estimativas aponta cerca de 12 mil pedidos só no Tribunal de Veneza, sendo que cada requisição pode significar uma família inteira por trás.
Durante a cerimônia de abertura do ano judiciário, ocorrida na última sexta-feira (26), o presidente do Tribunal alegou a necessidade de equilibrar a gestão judiciária e os direitos constitucionais dos ítalo-brasileiros. Para ele, os brasileiros “têm o poder de votar e de influenciar quóruns eleitorais, o que representa um risco democrático”.
Citterio também mencionou, de acordo com reportagem do Corriere della Sera, a urgência de uma revisão criteriosa da legislação, visando a possibilidade de alterações nas regras. “É imprescindível considerar a viabilidade de uma eventual, rápida e sensata revisão da legislação”, declarou o presidente.
Além disso, Citterio afirmou que já está sendo planejado um aprofundamento para uma eventual revisão das regras, envolvendo o chefe da Advocacia do Estado de Veneza, Stefano Maria Cerillo, e o especialista em direito constitucional da Universidade de Pádua, Sandro De Nardi. E veja também: Homem que postou sobre “vaquinha” para atirar em Lula é alvo de busca e apreensão da PF. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução redes sociais; Fonte: Italianíssimo)