Durante visita oficial ao Paraná nesta quinta-feira (29), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resgatou memórias do período em que esteve encarcerado na sede da Polícia Federal em Curitiba, entre 2018 e 2019.
Em seu discurso, emocionado, ele compartilhou detalhes sobre as trocas de cartas com a socióloga Janja Lula da Silva, atual esposa.
“Eu e Janja escrevemos 580 cartas durante os 580 dias que fiquei preso. O [Luiz Carlos] Rocha levava a minha de manhã e o Maneco [advogado de Lula na época] me trazia a dela à tarde. Gente, vocês não têm noção do que é receber uma carta. Vocês já receberam carta de amor? Vale mais do que um presente”, disse o petista, arrancando aplausos da plateia.
Segundo Lula, a expectativa por essas mensagens era intensa. “Eles [os advogados] sabem a ansiedade que eu ficava. O Maneco conversava comigo dois minutos e falava ‘e minha carta?’. O dia que ele falava ‘hoje não tem carta’, eu entrava em depressão. A depressão passava porque no dia seguinte eu recebia duas”, contou. “Eu nunca pensei na minha vida que fosse tão bom escrever carta. De noite, você sozinho numa cela, pensando na amada, e você escrevendo pra ela”, completou o presidente.
O relacionamento entre Lula e Janja se aprofundou durante o período de reclusão. Além das frequentes visitas, o casal manteve contato por meio das cartas. Em 2022, os dois oficializaram a união em uma cerimônia com cerca de 220 convidados, realizada em São Paulo.
A passagem de Lula pelo Paraná teve como objetivo anunciar oficialmente o assentamento Maila Sabrina, situado entre Ortigueira e Faxinal. A medida integra o programa Terra da Gente, criado para dar novo impulso à reforma agrária no Brasil — tema que gerou críticas ao governo por parte de movimentos sociais devido à lentidão na sua execução.