A Corte Superior de Justiça de Londres deu um passo decisivo nesta segunda-feira (24) ao agendar as primeiras sessões do processo movido pelo piloto brasileiro Felipe Massa, que luta para ser reconhecido como campeão da Fórmula 1 de 2008.
As audiências, marcadas para os dias 28 a 31 de outubro, abrem uma nova etapa na disputa iniciada por Massa em março de 2024 contra a FIA (Federação Internacional de Automobilismo), a FOM (Formula One Management) e o ex-magnata da categoria, Bernie Ecclestone.
O caso ganhou corpo após revelações de Ecclestone, que confessou ter sabido, ainda em 2008, do esquema no GP de Singapura, mas optou por ocultar os fatos para preservar a reputação da competição.
Naquela corrida, Nelson Piquet Jr., também brasileiro, bateu intencionalmente seu carro em Marina Bay sob ordens da Renault, comandada por Flavio Briatore e Pat Symonds, para favorecer Fernando Alonso, seu colega de equipe.
A manobra gerou uma bandeira amarela que bagunçou a estratégia de Massa, então líder da prova. Um erro da Ferrari nos boxes, ao liberá-lo com a mangueira de combustível ainda acoplada, resultou em punição e um 13º lugar na etapa.
Naquele ano, Massa duelou até a última volta com Lewis Hamilton, da McLaren, pelo campeonato. Hamilton terminou o GP de Singapura em terceiro e conquistou o título no Brasil por apenas um ponto de vantagem.
Anos depois, Ecclestone admitiu ao F1 Insider que a manipulação em Singapura compromete a legitimidade do resultado. “Queríamos proteger o esporte e salvá-lo de um grande escândalo”, justificou, revelando que ele e Max Mosley, ex-presidente da FIA, tinham dados para agir.
“Tínhamos informação suficiente na época para investigar o assunto. De acordo com os estatutos, deveríamos ter cancelado a corrida em Singapura sob essas condições. Isso significa que [o GP] nunca teria acontecido para a tabela de classificação. Felipe Massa teria sido campeão, não Lewis Hamilton”, completou.
Além de buscar o título que acredita lhe ter sido negado, Massa pleiteia indenização pelos prejuízos financeiros. Bernardo Viana, advogado que comanda sua equipe jurídica no Brasil, calcula perdas superiores a US$ 100 milhões (cerca de R$ 494 milhões).
“É só a gente voltar atrás, olhar as informações sobre os aumentos de contratos de campeões, patrocínios e tudo o mais. Isso fora o ganho de imagem que ele teria”, declarou à Folha em 2023, quando o piloto ainda avaliava os rumos legais.
À época, uma norma da FIA tornava a classificação final intocável após a premiação de 12 de novembro de 2008, mas Massa agora tenta reverter essa barreira na Justiça. E mais: Dilma Rousseff é internada na China. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução redes sociais; Fonte: Folha de SP)