O vídeos de uma encenação do assassinato do presidente Jair Bolsonaro que viralizou neste sábado (16) são de uma gravação do filme “A Fúria”, do cineasta Ruy Guerra. A informação foi divulgada pelo grupo Globo, que foi acusada nas redes sociais de ser a responsável pelas filmagens.
“A Globo desmente que pertençam a produções suas – seja para canal aberto, canais fechados próprios ou Globoplay – vídeo e fotos que estão circulando nas redes sociais de gravação de obra ficcional mostrando um atentado ao presidente da República. A Globo não tem nenhuma série, novela ou programa com esse conteúdo”, diz a nota da emissora divulgada após a repercussão do vídeo.
Entretanto, segundo a própria empresa, “a gravação seria de um filme do cineasta Ruy Guerra chamado ‘A Fúria’, que pretende fechar a trilogia iniciada com ‘Os Fuzis’, de 1964, e ‘A Queda’, de 1976”.
Acontece que o Canal Brasil, que pertence a Globo, possui porcentagem dos direitos da obra. Quem informa é a própria emissora: “O Canal Brasil tem uma participação de apenas 3,61% nos direitos patrimoniais desse filme, mas jamais foi informado dessas cenas e, como é praxe em casos de cineastas consagrados, não supervisiona a produção. Embora tenha participação acionária no Canal Brasil, a Globo não interfere na gestão e nos conteúdos do canal.”
Segundo o portal da Revista de Cinema, o filme “A Fúria”, de Ruy Guerra, começou a ser filmado em 5 de julho deste ano e tem previsão de gravação até 6 de agosto. O elenco conta o Daniel Filho, Lima Duarte, Ricardo Blat, Grace Passô, Simone Spoladore, Higor Campanaro e Júlio Adrião.
No portal da Ancine, o trabalho aparece na lista de contemplados do Prodecine de 2016 e beneficiário do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), como é possível ver abaixo.
O que diz o canal Brasil
Também em nota, o Canal Brasil, que pertence a Globo, confirma que os vídeos são do filme de Ruy Guerra: “compõem uma produção independente dirigida pelo cineasta Ruy Guerra, intitulada ‘A Fúria’, projeto de 2016. Este será o último longa-metragem da trilogia composta por ‘Os Fuzis’ (1964) e ‘A Queda’ (1976), filmes premiados internacionalmente”.
Ainda segundo o canal de cinema brasileiro da Globo, “o canal não interfere nas obras que apoia, nem tampouco teve conhecimento prévio dessa cena. Ainda não assistimos a nenhum trecho do longa-metragem, que não foi finalizado por seus realizadores.”
Investigação
O Ministro da Justiça, Anderson Torres, determinou à Polícia Federal abertura de apuração sobre as cenas de uma encenação de um assassinato do presidente Jair Bolsonaro.
No começo da tarde, Torres se mostrou incomodado com as imagens: “Circulam nas redes fotos e vídeos de um suposto atentado contra a vida do presidente Bolsonaro. Produção artística??? Estamos estudando o caso para avaliar medidas cabíveis e apurar eventuais responsabilidades. As imagens são chocantes e merecem ser apuradas com cuidado.”
Já no início da noite, o ministro decidiu pela investigação:” Determinei encaminhamento do caso à #PF para instauração de inquérito policial, e completa apuração dos fatos.”
Determinei encaminhamento do caso à #PF para instauração de inquérito policial, e completa apuração dos fatos. https://t.co/Ymj59E0lMo
— Anderson Torres (@andersongtorres) July 16, 2022
Ministério Público
Mais cedo, a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos) – que deve concorrer a uma cadeira do Senado pelo Distrito Federal – alertou o Ministério Público sobre a mesma gravação.
“Encenação ou estímulo para um atentado contra a vida do chefe de Estado brasileiro? O MP precisa investigar isso a fundo! Cenas como estas são repugnantes e não podem ser toleradas!”, escreveu a ministra. Assista abaixo!
Encenação ou estímulo para um atentado contra a vida do Chefe de Estado brasileiro? O MP precisa investigar isso a fundo! Cenas como estas são repugnantes e não podem ser toleradas! pic.twitter.com/tt4lBljtxo
— Damares Alves (@DamaresAlves) July 16, 2022
Ruy Guerra
Ruy Alexandre Guerra Coelho Pereira (Lourenço Marques, atual Maputo, 22 de agosto de 1931) é cineasta, poeta, dramaturgo e professor luso-brasileiro nascido em Moçambique, então território português. Está radicado no Brasil desde 1958. No Brasil, foi casado com a cantora Nara Leão, com a atriz Leila Diniz e, em seu último matrimônio, com a atriz Claudia Ohana. Participou de cerca de 30 filmes, como ator, diretor ou roteirista. Seu último trabalho para o cinema foi com o filme “Aos Pedaços”, em 209.