CUT (no Brasil) convoca protesto contra Milei em frente à Embaixada da Argentina

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Nesta quarta-feira (24), a CUT (Central Única dos Trabalhadores) promoverá um ato em frente à Embaixada da Argentina no Brasil, em Brasília, contra o presidente argentino, Javier Milei.

A entidade realiza a mobilização em “apoio à luta dos trabalhadores argentinos” e protesta contra o superpacote de reformas no Estado proposto pelo libertário. Em comunicado, a CUT solicita a revogação das propostas apresentadas por Milei. (leia na íntegra ao fim da reportagem)

As centrais sindicais argentinas também convocaram uma greve geral para quarta-feira (24.jan) contra as medidas de Milei. A paralisação impactou voos para Buenos Aires, levando companhias aéreas como GOL e Latam a cancelarem voos. A última greve geral convocada pelo sindicato ocorreu em 29 de maio de 2019, no final do governo de Mauricio Macri, antes das eleições em que Macri perdeu para Alberto Fernández.

Conforme o jornal argentino Clarín, o protesto na Argentina começará às 12h e se estenderá até a meia-noite. Em Brasília, o ato terá início às 10h. A convocação do protesto um dia antes da votação das novas medidas de Milei no Congresso, programada para 25 de janeiro de 2024.

Leia a íntegra do artigo:
“O ano de 2024 mal começou e já apresenta desafios gigantescos para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), e certamente o maior deles segue sendo a luta contra a extrema direita no Brasil e no mundo. As feridas do 08 de janeiro de 2023 ainda não cicatrizaram; os financiadores dos atos terroristas seguem livres e o discurso de ódio, com notícias falsas, ainda se constituem uma ameaça para a vida democrática brasileira e seu estado de direito.

Esses setores, que aprovaram a reforma Trabalhista no Brasil, venderam empresas públicas estratégicas, estimularam queimadas das florestas e lavaram as mãos para as mais de 700 mil mortes por COVID-19 são os mesmos que aplaudiram a eleição de Javier Milei para presidência da Argentina e agora comemoram às políticas retrógradas e antidemocráticas do governo ultradireitista.

Estamos particularmente indignados e alarmados com tamanha gravidade do conjunto de medidas apresentadas pelo atual presidente argentino, que ainda em 2023 publicou o Decreto de Urgência Nacional (DNU) e o Projeto de Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos, a “lei Omnibus”, que juntos destroçam um dos sistemas de proteção social e garantia de direitos laborais mais consolidados no mundo, além de criminalizar os protestos sindicais e sociais, uma grave agressão à liberdade sindical e à própria democracia.

O Decreto Nacional de Urgência desmantelou os sistemas de proteção laboral, social, saúde, desregulamentou a economia interna e externa, comprometeu a atividade da indústria nacional e abre às portas para a privatização das empresas públicas. O pacote de medidas neoliberais anunciado, na prática, são velhas receitas de entrega do Estado ao sistema financeiro internacional e às multinacionais e o resultado desse receituário já conhecemos, é o aumento da pobreza, desproteção social e violência.

Já o projeto de lei Omnibus agrava ainda mais a situação ao dar superpoderes ao governo Milei para a adoção de medidas autoritárias, para a perseguição e repressão dos protestos, greves e manifestações – um conjunto de ações que ferem frontalmente o marco legal constitucional e as normas internacionais – como já denunciado pelas centrais sindicais argentinas. A “Lei Omnibus”, na prática, é uma afronta direta contra a liberdade sindical, direito de greve, direito de protesto e manifestação, direitos preservados nas convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as quais a Argentina é signatária, além da violação direta da Declaração Socio laboral do Mercosul em seus artigos 16, 17 e 18.

Mas, a classe trabalhadora, o movimento sindical e o conjunto das forças democráticas vencerão mais uma vez. Venceremos porque o sentimento que nos une é a solidariedade de classe.

Nunca esqueceremos a solidariedade recebida dos trabalhadores argentinos na luta contra a reforma Trabalhista brasileira em 2017; a solidariedade e presença determinada na campanha Lula Livre e na resistência aos tempos recentes de obscurantismo no Brasil, durante o governo Bolsonaro. Nesses e em outros momentos de nossa história quando enfrentávamos inimigos poderosos, que tudo fizeram para destruir a CUT e o movimento sindical, nunca estivemos sozinhos, porque a solidariedade internacional esteve presente. As centrais sindicais argentinas estiveram ao nosso lado, lutando, e agora nós estaremos ao lado do movimento sindical argentino lutando para resistir aos intentos autoritários de Milei e impor uma derrota do tamanho da nossa solidariedade.

Por isso, a CUT está convocando seus sindicatos filiados, para construir esse enorme movimento de resistência e solidariedade com a classe trabalhadora argentina, e essa luta já se inicia no próximo dia 24 de janeiro, em frente à embaixada da Argentina, em Brasília, onde entregaremos uma carta das centrais sindicais brasileiras pedindo diálogo do governo com os sindicatos e a revogação do DNU e da Lei Omnibus.

Juntos com a Coordenadora de Centrais Sindicais do Conesul e a Confederação Sindical da Américas, estaremos nos 23 e 24 de fevereiro, em Foz do Iguaçu, na Jornada Latino-americana e Caribenha pela Integração dos Povos renovando nossos laços de solidariedade internacional, dando as mãos ao movimento sindical argentino. Também estaremos atuantes e vigilantes nas reuniões dos órgãos socio-laborais do Mercosul denunciando as violações de normas internacionais por parte do governo Milei.

A CUT Brasil estará junto com as centrais sindicais argentinas CGT, CTA A- CTA T- em luta para derrotar as políticas de Milei e resgatar a dignidade e a esperança da classe trabalhadora.

Sergio Nobre
Presidente
Antonio Lisboa
Secretário de Relações Internacionais
22 de janeiro de 2024″

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