O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (9) que oficializará, nesta segunda-feira (10), a aplicação de uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio.
Atualmente, cerca de um quarto do aço consumido nos EUA vem do exterior, sendo grande parte proveniente de nações vizinhas, como México e Canadá, além de aliados na Ásia. No caso do alumínio, metade da oferta utilizada no país também é importada, com destaque para o Canadá como principal fornecedor.
Em 2024, o Brasil se consolidou como o segundo maior exportador de aço para os EUA, conforme dados do Departamento de Comércio americano, ficando atrás apenas de Canadá e México.
Em 2023, os Estados Unidos adquiriram 18% das exportações brasileiras de ferro fundido, ferro e aço, segundo estatísticas do governo brasileiro.
Durante sua primeira gestão, Trump já havia implementado tarifas semelhantes, com taxas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio. Na época, o Instituto Aço Brasil, representante das siderúrgicas do país, alertou que a medida poderia resultar em fechamento de fornos e demissões.
Posteriormente, contudo, o governo americano suspendeu as tarifas para o Brasil e outros parceiros comerciais estratégicos, incluindo Canadá, México, União Europeia e Reino Unido.
Consultado pelo g1, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio preferiu não se pronunciar sobre o caso. Segundo apuração da TV Globo, o governo brasileiro pretende aguardar o anúncio oficial antes de se manifestar.
Desde o início de seu novo mandato, Trump tem intensificado a imposição de barreiras comerciais a produtos estrangeiros. Entre os primeiros alvos da nova política tarifária estão Canadá, México e China. A União Europeia também foi mencionada como um possível próximo foco do republicano.
O Brasil, responsável por 1,3% das importações americanas, não foi incluído na primeira rodada de taxações. Entretanto, especialistas alertam que o país pode ser afetado indiretamente, especialmente no setor siderúrgico.
“Quando olhamos para o passado, vemos muita pressão de diversos setores, especialmente o siderúrgico, que produz um dos principais produtos importados pelos EUA”, destacou Lia Valls, pesquisadora associada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em entrevista ao g1, antes do anúncio feito por Trump.
As declarações do presidente americano tiveram impacto imediato nos mercados. Durante a madrugada desta segunda-feira, as bolsas asiáticas oscilaram, exceto as empresas com operações nos EUA. Já o dólar se valorizou, impulsionando os rendimentos dos títulos do Tesouro americano.
A nova rodada de tarifas reacende temores sobre uma possível guerra comercial global, uma vez que a China já começou a adotar medidas retaliatórias contra produtos americanos. Diante do cenário de incerteza, investidores agem com cautela e evitam grandes movimentações no mercado financeiro.
Especialistas projetam que as moedas dos países afetados por Trump poderão sofrer desvalorização frente ao dólar, o que ajudaria a atenuar os impactos dos impostos e manter a competitividade das exportações.
Na madrugada, o euro registrou queda de 0,1%, atingindo US$ 1,03, aproximando-se do menor patamar em dois anos, de US$ 1,01. O dólar canadense também enfraqueceu em quase 0,3%, devido à forte dependência do país na exportação de alumínio para os EUA.
O iene japonês caiu 0,3%, chegando a ¥151,93 por dólar, enquanto o yuan chinês atingiu seu menor valor em três semanas, ultrapassando um nível crítico devido ao aumento da tensão comercial.
“Quase metade das importações dos EUA servem como insumos para empresas nacionais, o que significa que as empresas terão que repassar custos mais altos aos consumidores, absorver margens menores ou ajustar completamente as cadeias de suprimentos”, afirmou Stephen Dover, chefe do Instituto Franklin Templeton.
🚨URGENTE – Trump diz que vai taxar aço importado em 25%, afetando o Brasil que é um dos maiores fornecedores!
“Eles estão nos cobrando 130% e nós não estamos cobrando nada deles. Isso não vai continuar sendo assim” pic.twitter.com/USPkSEbqPs
— SPACE LIBERDADE (@NewsLiberdade) February 10, 2025