O PSOL enfrenta uma crise interna que ganhou os holofotes nesta quarta-feira (5), conforme revelou uma reportagem do UOL.
A divisão, que opõe a ala majoritária, liderada por figuras como Guilherme Boulos, à ala minoritária, representada por nomes como Glauber Braga, reflete um embate sobre os rumos do partido, especialmente em relação ao apoio ao governo Lula. (veja a lista completa ao fim da reportagem)
O conflito, antes restrito aos bastidores, agora transborda em xingamentos, gestos políticos e exposição pública, evidenciando ressentimentos acumulados ao longo de anos.
A reportagem destaca que a bancada do PSOL na Câmara, composta por 13 deputados, está fragmentada. O estopim para a crise atual foi a discussão sobre o grau de alinhamento com o governo petista.
“Os deputados se referem aos colegas de bancada por xingamentos”, aponta o UOL, citando termos como “mentiroso”, “imaturo” e “palhaço” usados em entrevistas.
A maioria, com oito parlamentares, integra o grupo ligado a Boulos, enquanto a minoria, com cinco, critica o que considera uma adesão excessiva ao Planalto, afastando o partido de suas raízes socialistas.
O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), voz proeminente da ala minoritária, é um dos protagonistas do embate. Segundo o UOL, ele afirmou que “a maioria normalizou a decisão de apoiar posturas liberais”, sugerindo que o PSOL abandonou ‘lutas históricas’ ao se alinhar a políticas que julga contrárias aos seus princípios.
A crítica se intensifica com a acusação de que a liderança majoritária sufoca dissidências internas, concentrando poder e aproximando-se demais do PT. Por outro lado, a líder da bancada, Talíria Petrone (PSOL-RJ), minimiza as tensões: “As tensões fazem parte das dores do amadurecimento”, disse ao veículo, tentando apaziguar os ânimos.
A reportagem também revela que os ataques entre os grupos são frequentes, mas muitos preferem o anonimato. “Quem xinga fala no anonimato — e esses são maioria”, destaca o texto, enquanto os que se identificam tentam manter a compostura, embora reconheçam o desgaste público da legenda.
A ala minoritária reclama da falta de espaço e da condução autoritária da maioria, enquanto esta acusa os dissidentes de imaturidade e de expor o partido à imprensa em vez de buscar soluções internas.
O pano de fundo do racha remonta a mais de uma década, quando o PSOL se dividiu em duas correntes principais. A ala de Boulos, hoje dominante, é vista como pragmática, enquanto a de Braga defende uma postura mais radical.
“Glauber e seus companheiros foram chamados de ‘crianças mimadas e birrentas'”, relata o UOL, ilustrando a animosidade nas reuniões da bancada, onde gritos e socos na mesa teriam marcado os debates. A proximidade com Lula, incluindo a possibilidade de apoio a medidas de austeridade fiscal, é o principal ponto de atrito, com a minoria temendo que o partido perca sua identidade combativa.
A crise atual não é novidade no histórico do PSOL — em 2009, uma convenção terminou em cadeiradas —, mas agora ganha contornos públicos e envolve diretamente os parlamentares. A exposição na imprensa e as divergências estratégicas colocam em xeque a unidade da legenda em um momento delicado para a esquerda brasileira, que busca se reposicionar diante do governo Lula e das demandas sociais.
Resumo da notícia:
O que aconteceu: O PSOL vive um racha interno entre a ala majoritária (8 deputados, ligada a Boulos) e a minoritária (5 deputados, liderada por Glauber Braga).
Causa: Divergências sobre o apoio ao governo Lula e o rumo ideológico do partido.
Reações: Deputados trocam insultos como “mentiroso” e “palhaço”; minoria critica “sufocamento” e alinhamento com o PT.
Contexto: Divisão histórica entre pragmatismo e radicalismo, agravada por debates públicos.
Impacto: Crise expõe fragilidade do PSOL e pode afetar sua imagem e atuação política.
Ala Majoritária | Ala Minoritária |
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Célia Xakriabá (MG); Erika Hilton (SP); Guilherme Boulos (SP); Ivan Valente (SP); Luciene Cavalcante (SP); Pastor Henrique Vieira (RJ); Talíria Petrone (RJ); Tarcísio Motta (RJ). | Chico Alencar (RJ); Fernanda Melchionna (RS); Glauber Braga (RJ); Luiza Erundina (SP); Sâmia Bomfim (SP). |