Conclave mais longo da Igreja para novo papa durou quase três anos

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O conclave de 2013, que levou cinco dias para eleger o Papa Francisco, foi marcado por discussões intensas e pela necessidade de superar divisões internas dentro da Igreja Católica. Com a morte do Papa Francisco, a Igreja se prepara para mais uma eleição papal, e a expectativa é de que o processo enfrente desafios inesperados, especialmente em um momento de grande transição para a Igreja. Mas a escolha do último pontífice nem de longe foi a mais desafiadora da Igreja.

O Conclave de Viterbo, realizado entre 1268 e 1271, é o mais longo da história da Igreja Católica. O processo durou quase três anos, do dia 29 de novembro de 1268 até 1º de setembro de 1271, e refletiu um período de intensas disputas internas na Igreja e no mundo medieval.

O contexto da época era de grande instabilidade política e eclesiástica. O Papa Clemente IV havia morrido em Viterbo, uma pequena cidade no Lácio, e o Sacro Império Romano-Germânico estava sem imperador. A Europa atravessava um momento de fragmentação de poderes entre nobres, reis e bispos, e a escolha do novo papa se tornava uma decisão também política.

No início, 20 cardeais participaram do conclave, mas as divisões internas eram profundas. Havia, principalmente, duas correntes: uma apoiava a influência francesa e outra defendia a autonomia italiana. Nenhum dos candidatos conseguia reunir os dois terços dos votos necessários para a eleição, e assim o conclave se arrastou por meses.

A população de Viterbo, indignada com a demora, começou a pressionar os cardeais. As autoridades locais decidiram medidas drásticas: os cardeais foram literalmente trancados no Palácio Episcopal e tiveram suas provisões de comida reduzidas a pão e água, numa tentativa de acelerar a decisão. Além disso, segundo relatos, o teto do palácio foi parcialmente retirado para expor os cardeais ao tempo, intensificando o desconforto.

Mesmo assim, a escolha não foi imediata. A solução encontrada foi um compromisso: em vez de eleger um cardeal, os próprios cardeais delegaram a decisão a seis membros do colégio, que escolheram Teobaldo Visconti, um arquidiácono de Liège que nem sequer estava presente em Viterbo. Teobaldo estava em peregrinação na Terra Santa quando foi eleito, e retornou à Europa para ser coroado Papa Gregório X em 27 de março de 1272.

A lentidão e a pressão popular tiveram efeitos duradouros. Gregório X, assim que assumiu o papado, convocou o Segundo Concílio de Liões (1274), onde foram estabelecidas regras para evitar demoras excessivas em futuras eleições papais.

A partir desse concílio, determinou-se que os cardeais deveriam se reunir em enclausuramento (“cum clave”, ou seja, “com chave”) até elegerem um novo papa. As condições seriam rigorosas: com o passar dos dias sem decisão, a alimentação seria progressivamente reduzida e o conforto limitado.

Essas medidas moldaram o formato dos conclaves modernos. Ainda que houvesse momentos em que as regras fossem ignoradas ou relaxadas, a estrutura do conclave fechado se consolidou como a tradição oficial da Igreja.

Após Gregório X, a sucessão papal seguiu com:

– Papa Inocêncio V (1276)

– Papa Adriano V (1276)

– Papa João XXI (1276-1277)

– Papa Nicolau III (1277-1280)

Vale destacar que o papado de Gregório X foi breve, mas fundamental para estabilizar a Igreja e preparar o caminho para futuros pontífices.

O Conclave de Viterbo deixou uma lição permanente: a necessidade de decisão rápida e de isolamento dos cardeais para proteger a eleição de pressões externas. Através das reformas de Gregório X, a Igreja buscou assegurar que jamais se repetisse um vazio de liderança tão prolongado e danoso para a Cristandade.

Até hoje, o episódio é lembrado como um marco de transição e aperfeiçoamento nos processos internos da Igreja, reafirmando a importância do conclave como momento decisivo para a continuidade espiritual e política do catolicismo. E mais: Líder do PL diz que deputado eleito não se curva a ‘ameaças’ de Ministro do STF. Clique AQUI para ver. (Foto: Vatican News)

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