A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira (13) o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, sob a suspeita de ter agido para obstruir investigações relacionadas à suposta ‘tentativa de golpe de Estado’.
Segundo a PF, ele teria tentado intermediar a obtenção de um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A investigação aponta que Machado teria feito contato telefônico com o Consulado de Portugal em Recife, em maio deste ano, com o suposto intuito de viabilizar o documento para Cid.
Mesmo com o ex-ministro alegando que a ligação se referia a assuntos familiares — “Tratei do passaporte para o meu pai”, afirmou —, a Polícia Federal entende que a ação pode ter tido o objetivo de dificultar o andamento da ação penal que envolve Cid, que é réu no processo.
Há indícios, na visão dos investigadores, de que Gilson tentou obter o passaporte por meio do consulado em sua cidade, mas, diante da negativa, existia a possibilidade de buscar outras representações diplomáticas.
A PF também destacou que, em janeiro de 2023, antes de sua primeira prisão, Cid teria contratado um serviço de assessoria para tentar conseguir a cidadania portuguesa.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) considerou os elementos apresentados “sugestivos” e concordou com o aprofundamento das apurações.
Em manifestação oficial, a PGR afirmou que há sinais de uma tentativa de “obstruir a instrução da Ação Penal n. 2.688/DF e das demais investigações que seguem em curso, possivelmente para viabilizar a evasão do país do réu MAURO CESAR BARBOSA CID, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal”.
Além da ação penal do caso golpista, Cid é investigado por supostas irregularidades envolvendo a venda de joias recebidas como presente por Bolsonaro e por uma possível estrutura paralela dentro da Abin durante o governo anterior.
Ao ser questionado sobre o caso nesta semana, Mauro Cid negou qualquer envolvimento, dizendo que a informação era “novidade” para ele. Seu advogado, Cezar Bitencourt, reforçou: “Não tinha interesse nenhum em sair do país”.
Gilson Machado foi ministro do Turismo na gestão Bolsonaro, de quem segue aliado próximo. No ano passado, disputou a prefeitura do Recife pelo PL, ficando em segundo lugar.
Mais recentemente, organizou uma campanha de arrecadação de fundos para o ex-presidente, que, segundo ele, reuniu R$ 1 milhão. Bolsonaro, porém, declarou à PF que a campanha foi realizada sem seu conhecimento. (Foto: Palácio do Planalto; Fonte: O Globo)