O IPCA-15, índice conhecido como prévia da inflação, ficou em 0,69% em março, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (24) pelo IBGE. O indicador desacelerou 0,07 ponto percentual na comparação com fevereiro, quando ficou em 0,76%. Mesmo assim, o IPCA-15 ficou acima da expectativa do mercado, que previa um índice de 0,67%.
Com exceção de Artigos de residência, cujos preços recuaram 0,18%, todos os demais grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta no mês de março. O destaque foi Transportes, responsável pela maior variação e o maior impacto no índice. Houve uma aceleração no resultado desse grupo em relação a fevereiro, quando teve variação de 0,08%. Os grupos Saúde e cuidados pessoais (1,18% e 0,15 p.p.) e Habitação (0,81% e 0,12 p.p.) apareceram em seguida. Alimentação e bebidas (0,20% e 0,04 p.p.), por outro lado, desacelerou na comparação com o mês anterior, quando registrou variação de 0,39%. Os demais ficaram entre o 0,08% de Educação e o 0,75% de Comunicação.
O aumento de 5,76% nos preços da gasolina, subitem com maior impacto individual no IPCA-15 de março (0,26 p.p.), foi determinante para a alta apresentada pelo grupo Transportes. A subida de preços do etanol (1,96%), que em fevereiro havia tido queda de 1,65%, também contribuiu. Óleo diesel (-4,86%) e gás veicular (-2,62%) registraram queda, diferentemente dos demais combustíveis (4,67%). Outro ponto a ser destacado foi a alta de 9,02% nos transportes por aplicativo, após recuo de 6,05% no mês passado.
Já no grupo Habitação o principal fator para a alta de 0,81% foi a energia elétrica residencial (2,85% e 0,11 p.p.). As variações das áreas ficaram entre -1,13% no Rio de Janeiro, onde houve redução de PIS/COFINS, até 11,66% em Belo Horizonte, onde as tarifas de uso dos sistemas de transmissão (TUST) e distribuição (TUSD) foram reincluídas na base de cálculo do ICMS (após decisão do STF), o que também ocorreu em Porto Alegre (10,76%) e Curitiba (10,42%), e em uma das concessionárias de São Paulo (1,12%). No Rio de Janeiro, ocorreram reajustes de 7,49% e 6,00% nas duas concessionárias pesquisadas. Ambos entraram em vigor a partir de 15 de março, último dia do período de referência do IPCA-15.
‘Reoneração’
No fim do mês passado, o governo federal anunciou o aumento dos impostos nos combustíveis. Segundo cálculos do Ministério da Fazenda, a gasolina subiria até R$ 0,47 e o etanol, R$ 0,02 com a reoneração parcial dos combustíveis. Entretanto, segundo reportagem da Folha de S. Paulo, os preços subiram mais do que o esperado em postos pelo Brasil.
Para manter a arrecadação de R$ 28,88 bilhões desejada por Haddad, o governo também subiu o Imposto de Exportação sobre petróleo cru em 9,2% por quatro meses para obter até R$ 6,6 bilhões.
A nova medida provisória (MP) tem validade até o fim de junho. A partir de julho, Haddad jogou o problema para o Congresso: caso os parlamentares não aprovem a MP, as alíquotas voltarão aos níveis do ano passado, com reoneração total. Isso porque o aumento anunciado por Haddad é um meio termo entre o valor que sempre foi cobrado e o período em que o governo Bolsonaro zerou os tributos.
Antes da desoneração, o PIS/Cofins era cobrado da seguinte forma: R$ 0,792 por litro da gasolina A (sem mistura de etanol) e de R$ 0,242 por litro do etanol Com a reoneração parcial, as alíquotas de PIS/Cofins, que estavam zeradas subiram para R$ 0,47 para o litro da gasolina e para R$ 0,02 para o litro do etanol. Por força de uma emenda constitucional, a diferença dos tributos entre a gasolina e o etanol deve ficar em R$ 0,45. E veja também: Dilma terá salário de até R$ 300 mil como presidente do banco dos Brics. Clique AQUI para ver.
