A prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, chegou a ser autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na manhã desta sexta-feira (13), mas foi revogada logo em seguida pelo ministro Alexandre de Moraes, antes mesmo de ser efetivada.
Enquanto a Polícia Federal (PF) realizava buscas na residência de Cid, a decisão foi revertida sem que o motivo oficial fosse divulgado.
Mesmo com a revogação, Cid foi conduzido para prestar novo depoimento no âmbito da investigação que apura se ele tentou deixar o país com auxílio do ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, preso nesta manhã em Recife (PE).
A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) suspeitam que Machado tenha atuado, em 12 de maio, junto ao Consulado de Portugal em Recife, para viabilizar um passaporte português em nome de Mauro Cid, o que poderia facilitar sua saída do país.
A ação, segundo os investigadores, representaria uma tentativa de obstruir a ação penal sobre a suposta ‘tentativa de golpe de Estado’ e demais apurações em curso.
A PGR, por meio do procurador-geral Paulo Gonet, solicitou ao STF a abertura de inquérito contra Machado por obstrução de investigação de organização criminosa e favorecimento pessoal, com pedido de buscas e apreensões.
O requerimento foi baseado em elementos da PF que indicam possível articulação para conseguir o documento diplomático a fim de viabilizar a evasão de Cid.
Gilson Machado negou qualquer intenção de beneficiar Cid. “Nunca fui atrás de nada a respeito de Mauro Cid. Tratei do passaporte para o meu pai”, declarou à imprensa.
Já Mauro Cid, segundo sua defesa, admitiu ter solicitado cidadania portuguesa em 11 de janeiro de 2023 — logo após os atos golpistas em Brasília —, mas afirmou não ter conhecimento da tentativa de Machado de obter um passaporte em seu nome.
Seu advogado, Cezar Bittencourt, apontou que o pedido visava unicamente reunir a família, já que a esposa e as filhas do militar possuem a cidadania portuguesa.
A Polícia do Exército acompanhou as buscas na residência de Cid, localizada em uma área militar. Os agentes da PF deixaram o local por volta das 10h50 e levaram o tenente-coronel para depor sobre duas frentes da investigação:
a suposta tentativa de obtenção do passaporte e também sobre mensagens reveladas pela Revista Veja, segundo as quais Cid teria usado um perfil no Instagram para conversar sobre sua delação premiada.
No depoimento anterior ao Supremo, Cid negou ser o autor das mensagens mencionadas. A PF segue investigando se houve tentativa de comunicação indevida sobre os termos da colaboração premiada. E mais: PF prende ex-ministro Gilson Machado. Clique AQUI para ver. (Foto: STF; Fontes: UOL; Globo; CNN)