Ministro dos Direitos Humanos defende Lula sobre agradecer África pelo que foi produzido na escravidão

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Lula (PT) e o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, durante anúncio das quase quatro dezenas de ministros do governo petistas.



O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, defendeu seu chefe em relação à fala em que Lula cita “gratidão” à África “por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão”.

Após ser cobrado a se posicionar, Almeidas enfim quebrou o silêncio, mas em uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, nessa quinta-feira (20). Já nas redes sociais, nenhuma palavra até agora.

No entendimento do ministro, Lula na verdade afirmou que o Brasil tem uma dívida com a África. “O que o presidente disse foi: ‘o Brasil tem uma dívida com África e ela tem que ser paga’. E por isso, o Presidente tem insistido – e já falei com ele sobre isso – é que a agenda de direitos humanos com África envolve o chamado direito ao desenvolvimento”, argumentou o ministro de Lula à ‘Coluna do Estadão’, assinada pela jornalista Roseann Kennedy.

O que disse Lula
Em visita a Cabo Verde, onde sua comitiva parou para abastecer ao avião da volta de Bruxelas, na Bélgica, Lula falou: “Quero recuperar a relação com o continente africano porque nós, brasileiros, somos formados pelo povo africano. A nossa cultura, nossa cor, nosso tamanho são resultado da miscigenação entre índios, negros e europeus. Nós temos uma profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país”.

Quando é com os outros
Apesar de não ver gravidade na fala de seu chefe, o um mês atrás o Ministro Silvio de Almeida não procurou entender “o que quis dizer” o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) em uma entrevista.

Almeida classificou como crime a fala do parlamentar sobre o QI (Quociente de inteligência) do povo africano e de brasileiros durante um podcast no Youtube.

Em trecho da entrevista ao canal “3 Irmãos”, Gayer afirmou que “o Brasil está emburrecido” e que democracias não prosperam na África por conta da “capacidade cognitiva” da população.

“Não tem como [a democracia dar certo no Brasil]. Você pega e dá título de eleitor para um monte de gente emburrecida”, disse o parlamentar.

Em seguida, o apresentador Rodrigo Barbosa Arantes declarou: “Você sabia que tem macaco com o QI de 90?”
O deputado disse que “viu isso aí também”. “72 na África, o QI. Não dá para a gente esperar alguma coisa da nossa população”, continua o apresentador.

Gayer argumenta que, na África, “quase todos os países são ditaduras”. “Democracia não prospera na África porque, para você ter uma democracia, você precisa ter um mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado”, disse.

“Tentaram fazer democracia na África várias vezes. O que acontece? Um ditador toma tudo, toma conta de tudo e o povo [aplaude]. O Brasil está desse jeito. Lula chegou na presidência e o povo burro [aplaude]: ‘picanha, cerveja’”, completou o deputado.

Sobre essa fala do deputado, o Ministro Silvio de Almeida, ao contrário de seu entendimento a respeito da fala de Lula, viu gravidade. Ele afirmou que Gayer fez “ofensas discriminatórias a brasileiros e africanos, bem como a autoridades da República” e enviou o vídeo ao Ministério da Justiça, à Polícia Federal (PF), à Câmara dos Deputados e à Procuradoria-geral da República (PGR). Almeida também pontuou que “a imunidade parlamentar não é escudo para quem pratica crimes”.


Fontes: Estadão; CNN
Foto: Agência Brasil

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