Localizada entre os estados de Mato Grosso e Goiás, no Brasil, a Cratera de Araguainha é a maior formação de impacto meteórico conhecida da América do Sul.
Com cerca de 40 quilômetros de diâmetro, a estrutura é tão grandiosa quanto antiga: estima-se que tenha se formado há aproximadamente 254 milhões de anos, no final do Período Permiano, pouco antes da maior extinção em massa da história da Terra.
A cratera foi descoberta nos anos 1960, durante levantamentos geológicos realizados pela Petrobras na busca por petróleo. No início, os cientistas acreditaram tratar-se de uma estrutura resultante de processos internos da crosta terrestre, como o soerguimento de rochas.
No entanto, em 1973, estudos mais aprofundados confirmaram que Araguainha era, na verdade, uma cratera de impacto meteórico. A confirmação veio com a identificação de estruturas típicas de choques de alta energia, como cones de estilhação e minerais modificados por pressões extremas.
Com uma forma circular bem definida, Araguainha possui uma característica comum a crateras de grande porte: um anel interno elevado. Esse tipo de formação ocorre quando o impacto é tão violento que faz a superfície da Terra “recuar” e “saltar” para cima, criando uma elevação central.
A origem da cratera é atribuída à queda de um asteroide com diâmetro estimado entre 2 e 3 quilômetros. O impacto teria liberado uma energia equivalente a milhares de bombas nucleares, provocando efeitos devastadores na região e, possivelmente, influenciando eventos globais.
Há hipóteses sugerindo que a colisão pode ter contribuído para a extinção em massa do Permiano-Triássico, que eliminou cerca de 90% das espécies marinhas e 70% das terrestres. Contudo, essa relação ainda é alvo de debate na comunidade científica.
Embora Araguainha seja a maior e mais estudada, outras estruturas de impacto também foram identificadas no continente. Uma delas é a Cratera de Serra da Cangalha, também localizada no Brasil, no estado do Tocantins. Com cerca de 12 quilômetros de diâmetro, ela data de aproximadamente 220 milhões de anos e apresenta características semelhantes às de Araguainha, como a presença de um anel interno.
Outro exemplo é a Cratera de Vista Alegre, no Paraná, com aproximadamente 9,5 quilômetros de diâmetro. Embora menor, sua origem por impacto também é reconhecida, tendo sido formada há cerca de 115 milhões de anos.
Na Argentina, há a Cratera de Bajada del Diablo, na Patagônia. Trata-se de um conjunto de estruturas circulares que possivelmente teriam origem meteórica, embora os estudos ainda estejam em andamento para confirmação definitiva.
A Cratera de Araguainha é uma verdadeira janela para o passado remoto da Terra. O estudo de seus minerais e formações geológicas tem permitido compreender melhor os efeitos catastróficos dos impactos extraterrestres sobre o planeta, a dinâmica da crosta terrestre e os eventos de extinção em massa.
Atualmente, a região da cratera é habitada e possui diversas áreas rurais. Algumas partes da estrutura são acessíveis a visitantes, embora não haja uma infraestrutura turística desenvolvida especificamente para exploração da cratera.
Em suma, Araguainha não é apenas um marco geológico; é também um lembrete da vulnerabilidade da vida na Terra frente às forças do cosmos. Assim como a famosa Cratera de Chicxulub, no México — associada à extinção dos dinossauros —, Araguainha ilustra como impactos meteóricos podem moldar a história biológica e geológica do nosso planeta. E mais: Trump promete resgatar celebração tradicional do ‘Dia de Colombo’. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução vídeo)