Em entrevista exclusiva à Globo News, nesta quarta-feira (18), Lula (PT) criticou a independência do Banco Central, adotada no governo Bolsonaro, e também a meta de inflação do órgão para este ano, estimada em 3,5%.
“Nesse país, se brigou muito para ter um BC independente, que ia melhorar o quê? Eu posso te dizer com a minha experiência: é uma bobagem achar que o presidente de um BC independente vai fazer mais do que fez o BC quando o presidente [da República] era quem indicava”, afirmou Lula.
E continuou: “Eu duvido que esse presidente do BC [Roberto Campos Neto] seja mais independente do que foi o [Henrique] Meirelles. Eu duvido. Por que, com o BC independente, a inflação está do jeito que está e o juros está do jeito que está?”, questionou.
O Congresso Nacional aprovou, em 2021, a proposta autonomia do banco, medida defendida pelo ex-ministro Paulo Guedes justamente para reduzir a interferência política sobre a instituição. Uma das principais medidas é que o presidente do BC e seu diretores passaram a ter mandato fixo, de quatro anos. Assim, Campos Neto, indicado no governo Bolsonaro, termina seu mandato só em 2024.
Lula na sequência também criticou a meta de inflação atual: “Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7%. Quando faz isso, é preciso arrochar mais a economia para atingir aquele 3,7%. Por que precisava fazer 3,7%? Por que não faz 4,5%, como fizemos [nos mandatos anteriores]? A economia brasileira precisa voltar a crescer”, afirmou o presidente.
Quando a inflação subiu por conta dos reflexos da pandemia, o BC elevou a taxa de juros para pdoer controla-la. Assim, em 2022, o Brasil terminou com uma das menores inflações entre as economias mais robustas, menor até mesmo que a dos Estados Unidos.
“Não peçam para mim ‘seriedade fiscal’. O que eu quero é que as pessoas que pedem estabilidade fiscal tenham responsabilidade social. Assumam compromisso com o social, porque não é possível esse país ter gente na fila do osso para pegar carne, ter 30% de pessoas passando fome”, afirmou.
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