Em vídeo publicado no YouTube, o jornalista Ricardo Feltrin revelou que a TV Globo está cogitando produzir, pela primeira vez de forma explícita, uma novela com temática conservadora. A mudança de postura da emissora, segundo Feltrin, seria uma resposta direta a uma pesquisa interna de opinião — a segunda do tipo nos últimos anos — que identificou o afastamento de parte do público tradicional da emissora, sobretudo evangélicos e conservadores, diante da recorrência de conteúdos alinhados ao ‘progressismo’.
Feltrin explicou que a pesquisa qualitativa, conhecida como “Espelho do Brasil”, ouviu milhares de pessoas, que apontaram sentir falta de tramas com valores mais tradicionais e conservadores, como os que fizeram sucesso nas décadas de ouro da teledramaturgia da Globo.
Segundo ele, a emissora finalmente começa a se mover para atender a essa demanda — um “milagre”, nas palavras do próprio jornalista, diante da postura editorial adotada nos últimos anos.
Como exemplo de uma tentativa anterior de aproximação, Feltrin citou a novela Vai na Fé, que apresentou personagens evangélicos. Ainda assim, ele afirma que a Globo não tem conseguido reconquistar esse público, muito por conta de uma resistência interna a mudanças mais profundas. Segundo ele, a Globo chegou a rejeitar no final de 2023 uma proposta do diretor Jayme Monjardim para uma novela com temática 100% católica, intitulada Romaria, com medo de desagradar os evangélicos.
O jornalista acredita que essa mudança ocorre por pressão da própria audiência, e lembra que algo semelhante ocorreu em 2019, após a eleição de Jair Bolsonaro, quando a Globo fez ajustes no humor, mas resistiu a mexer na dramaturgia.
Além disso, o jornalista apontou uma série de ações recentes que, segundo ele, reforçam essa reaproximação: a cobertura anunciada da Marcha para Jesus; a reprise do documentário ‘Crentes Além dos Muros’ no Fantástico, que rendeu 18 pontos de audiência, recorde do programa no ano; e a estreia dessa mesma produção na GloboNews.
Para Feltrin, tudo isso sinaliza uma guinada editorial motivada pela percepção de que a emissora está perdendo audiência — e dinheiro — ao focar em pautas ideológicas que não conversam com boa parte do público brasileiro.
Um dos pontos mais surpreendentes do vídeo é a possível reaproximação da emissora com a atriz Regina Duarte, que está em negociação para protagonizar a próxima novela das 21h.
A atriz, ligada ao ex-presidente Bolsonaro e ex-secretária de Cultura do governo federal, foi “cancelada” internamente, mas pode estar sendo “perdoada”, conforme revelou Feltrin. No entanto, ele reconhece que há resistência nos bastidores da emissora quanto ao retorno de figuras associadas ao conservadorismo.
Ao final, Feltrin pondera se a mudança não veio tarde demais, já que muitos evangélicos teriam criado rejeição definitiva à emissora. “Quem sabe esse público nunca mais volte?”, indagou. Ele ainda relembrou iniciativas frustradas, como o Festival Promessas, e comentou que a Globo está estudando novas formas de se aproximar desse público, incluindo matérias no Fantástico sobre o crescimento de igrejas de bairro.
Feltrin conclui que a Globo está diante de uma encruzilhada: ou continua insistindo em temas progressistas, falando apenas para uma parte do público, ou busca recuperar a audiência com tramas que reflitam os valores e cotidianos da maioria dos brasileiros — “histórias simples”, como ele define. Clique AQUI para assistir ao vídeo.
