Estadão rebate versão do Ministério da Justiça sobre reuniões com esposa de líder do Comando Vermelho

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O jornal O Estado de São Paulo rebateu, hoje (14), a explicação dada ontem (13) pelo Ministério da Justiça para ter recebido, em duas reuniões, a esposa de ‘Tio Patinhas’, um dos líderes do Comando Vermelho que atua no Amazonas.

A pasta de Flávio Dino explicou que os encontros foram requisitados, na verdade, pela ex-deputada do PSOL Janira Rocha e que ela foi quem levou Luciane Barbosa Farias, a “dama do tráfico amazonense”, supostamente sem informação prévia.

Acontece que, segundo nova reportagem do jornal paulista, Janira Rocha também é ligada ao Comando Vermelho. Ou seja, não foi apenas uma integrante de facção dentro do Ministério, mas duas mulheres com ligações com o crime organizado em reuniões com autoridades do governo Lula.

“Recibos apreendidos pela Polícia Civil amazonense (PC-AM) no celular de uma integrante da facção mostram três transferências do “contador” do grupo para a conta de Janira em um único dia, totalizando R$ 23.654,00. Os pagamentos aconteceram dias antes da primeira reunião de Luciane Barbosa Farias, a “dama do tráfico amazonense”, com o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz, em março deste ano.”, explica a reportagem.

Em nota assinada por Vaz, o Ministério da Justiça alegou que não tinha como saber de antemão dos pagamentos do Comando Vermelho à ex-deputada. ” “(…) É óbvio que eu jamais poderia ter ciência disso no dia 14 de março. Reitero que tenho carreira política reconhecida e honesta, e não será um suposto erro administrativo que vai me macular”, diz o secretário, em nota.

Como mostra o Estadão, os recibos constam em relatório sigiloso da Polícia Civil do Amazonas obtido pela reportagem. Os pagamentos foram feitos por Alexsandro B. Fonseca, conhecido como “Brutinho” ou “Brutus”. Segundo a PC-AM, ele era uma “espécie de contador da facção criminosa, responsável pela contabilidade da ‘caixinha’ (contribuição dos faccionados)”.

 

Recibos bancários mostram pagamentos para Janira Rocha |Foto: PC/AM – Reprodução

 

Além disso, diz o Estadão, há ainda recibos dos pagamentos para a ‘ONG Liberdade do Amazonas’, criada para, supostamente, defender os direitos humanos dos presos.

A presidente da entidade é justamente Luciane, esposa de ‘Clemilson dos Santos Farias’, conhecido como ‘Tio Patinhas’, um dos líderes do Comando Vermelho no Estado, hoje preso em Tefé (AM). Luciane também foi condenada pela Justiça, mas está solta andando por Brasília porque recorre em liberdade.

“No caso da ONG de Luciane, a contabilidade do CV do Amazonas registra despesas de R$ 22,5 mil para o mês de fevereiro, indicando que a entidade é, na verdade, sustentada pelo CV.”.

“Pelas imagens extraídas do celular, é possível afirmar que a facção CV financia todas as despesas da Associação, tais como: pagamentos de aluguel de casa, conta de água, conta de luz, internet, plano de chips, créditos de chip, contador, salários de assistente social, salários de advogadas, salários de funcionários, seguro conta, material de limpeza e papelaria, gasolina e passagem dos funcionários, conforme demonstrado nas imagens abaixo”, diz um trecho do relatório.

 

 

Janira Rocha foi eleita deputada estadual em 2010 pelo PSOL do Rio de Janeiro. Quatro anos depois, em 2014, não conseguiu ser reeleita. Em 2021, foi condenada em primeira instância na Justiça por contratar funcionários fantasmas e obrigado servidores de seu gabinete a devolverem parte dos salários durante seu mandato, de 2011 a 2014, a chamada ‘Rachadinha’.

Informa o ‘Estado de São Paulo’, que o patrimônio declarado à Justiça Eleitoral por Janira passou de R$ 9 mil em 2010, quando foi eleita deputada, para R$ 402 mil em 2014, uma alta de 4.366%.

Janira também foi diretora de Relações Institucionais do Instituto Anjos da Liberdade, uma outra ONG que também é acusada de servir de fachada do Comando Vermelho.

Já Luciane Barbosa Farias, de 37 anos, não foi somente no Ministério da Justiça que ela esteve quando visitou a capital do Brasil.

Em Brasília, ela aproveitou para andar pelo Congresso Nacional e visitar o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Sem ser importunada pela Polícia Legislativa da Câmara, Luciane frequentou os corredores e salões da Casa em março e maio.

Ela tirou fotos com os deputados Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Daiana Santos (PC do B-RS). Elas também posou com André Janones (Avante-MG). Por fim, também esteve na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), outra instituição que atua de forma direta em questões sobre o crime organizado.


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Fonte: Estadão
Foto: reprodução redes sociais

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