Em 2023, o Brasil registrou 341.806 acidentes envolvendo animais peçonhentos, marcando um notável aumento em comparação com o ano anterior, que totalizou 293.702 casos., aumento de 16%. Dentre esses eventos, 32.514 ou 9,5 % do total foram causados por serpentes. Os dados são do Ministério da Saúde.
Mundialmente, entre 4,5 e 5,4 milhões de pessoas são vítimas de acidentes ofídicos anualmente. Destes, entre 1,8 e 2,7 milhões desenvolvem sinais clínicos de envenenamento, e aproximadamente 100 mil pessoas evoluem para óbito, sobretudo no norte da África, Oriente Médio e sul e sudeste da Ásia. Tais acidentes também podem deixar sequelas por deficiência física e psicológica e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), acarretam anualmente cerca de 400 mil amputações e outras deficiências permanentes.
Os acidentes provocados por serpentes representam uma séria preocupação de saúde pública em muitos países de regiões tropicais e subtropicais, incluindo os países da América Latina. E, por ser um problema de saúde pública que afeta principalmente populações economicamente vulneráveis, o ofidismo, em particular, passou a ser reconhecido como uma das doenças tropicais negligenciadas (DTNs) pela OMS.
Antiveneno no SUS
Soros antivenenos para a picada de animais peçonhentos são produzidos pelo Instituto Butantan e distribuídos, exclusivamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A cada ano, são encaminhados cerca de 450 mil frascos ao Ministério da Saúde, que repassa aos estados após avaliação epidemiológica. Os estados, por sua vez, transferem aos municípios para hospitais públicos, filantrópicos ou privados, desde que seja garantido o tratamento sem custo ao paciente.
O Butantan é o maior produtor de soros antiveneno do país. Ele produz 8 tipos de soros contra picadas de cobras, escorpiões e lagartas, além de soros para tratamento do botulismo, raiva, tétano e difteria, totalizando 12 tipos diferentes.
A linha de produção dos soros antiveneno do Instituto é certificada em Boas Práticas de Fabricação (BPF) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É o décimo maior fabricante mundial de vacinas em doses distribuídas e em valor, segundo a OMS, é o maior produtor da América Latina.
Como 95% dos acidentes do tipo acontecem nas pernas ou braços, a pasta da Saúde recomenda as seguintes medidas de prevenção:
Usar calçados fechados, perneiras ou botas de cano alto durante trilhas em matas e atividades rurais;
Ficar atento onde está pisando ou colocando as mãos para se apoiar;
Não mexer em buracos no chão ou em ocos de árvores sem proteção.
Caso um acidente ocorra, as recomendações de primeiros socorros são as seguintes:
Lavar a região da picada com água e sabão;
Manter o local da picada em posição confortável;
Levar a vítima imediatamente para o atendimento médico;
Jamais aplicar qualquer tipo de substância (como álcool, borra de café, vinagre ou urina, por exemplo) ou fazer torniquete no local da picada. (Foto: reprodução Globo; Fontes: Ministério da Saúde; O Globo)