Abin executou espionagem em viagem de ministro de Lula ao Paraguai, diz portal

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Uma investigação conduzida pela Polícia Federal e revelada com exclusividade pelo colunista Aguirre Talento, do UOL, aponta que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) manteve ativa, durante o governo Lula, uma operação de espionagem contra autoridades paraguaias — com foco na negociação das tarifas da hidrelétrica de Itaipu.

Conforme o UOL, a espionagem prosseguiu mesmo após o governo brasileiro declarar publicamente, em março de 2023, que havia interrompido qualquer ação do tipo.

Os documentos, agora em posse da PF, foram apreendidos na investigação sobre a chamada “Abin paralela”, concluída recentemente, e revelam detalhes inéditos da operação que chegou a envolver o chanceler paraguaio Julio César Arriola.

Segundo o colunista Aguirre Talento, a ação ocorreu às vésperas de uma visita oficial do chanceler Mauro Vieira ao Paraguai, em 9 de março de 2023. De acordo com um dos arquivos da Abin obtidos pela Polícia Federal, a agência teve acesso, de forma antecipada, à minuta do discurso que Arriola faria na ocasião.

“O documento da Abin, que foi apreendido pela PF nos computadores e pendrives da agência, tem a data de criação no dia 8 de março de 2023 e, nos seus metadados, consta como autor um funcionário da diplomacia paraguaia”, relata o UOL.

O conteúdo sugere que o texto foi capturado diretamente dos sistemas internos do Itamaraty paraguaio — um forte indicativo de invasão cibernética.

Ainda de acordo com a reportagem, outro material produzido pela Abin, datado de junho de 2023, apresenta um esquema gráfico com autoridades paraguaias envolvidas na negociação das tarifas de Itaipu, além de descrever documentos confidenciais obtidos durante a operação de espionagem. Entre eles, está um novo texto preparado pela equipe de Arriola para orientá-lo antes da reunião com Vieira.

Outro elemento revelador é a existência de uma apresentação de slides elaborada no início de 2023 com o título: “Operação Duque – Renegociação do ‘Anexo C’ do Tratado de Itaipu”. Embora o primeiro slide traga a data de janeiro, os metadados indicam criação em 6 de abril de 2023, semanas após o governo ter anunciado publicamente a suspensão da operação.

Segundo a reportagem, essa apresentação continha análises da Abin sobre a divergência entre os países: “Enquanto o Brasil quer diminuir o preço da energia paga ao consumidor, o Paraguai quer manter a tarifa alta ‘para investir na infraestrutura elétrica do país e vender energia a terceiros a preço de mercado’.”

Nos slides seguintes, a Abin apontava “pessoas de interesse” ligadas ao tema, mas o material não deixa claro se esses nomes seriam alvos de espionagem digital ou possíveis fontes da agência. A apresentação também exibe documentos obtidos via invasão, o que reforça o caráter clandestino da ação.

O caso se soma a outras revelações feitas anteriormente pelo próprio UOL, em 31 de março de 2023, sobre o uso de um software espião para acessar informações sigilosas do governo paraguaio. À época, o governo Lula alegou que a operação era uma herança da gestão Bolsonaro e que teria sido encerrada assim que foi descoberta.

Ainda assim, conforme os novos documentos obtidos pela PF, as ações continuaram pelo menos até junho de 2023, já sob comando do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa — que, segundo a apuração, teria dado aval para a continuidade da espionagem.

Procurada, a Abin não se manifestou sobre os novos dados. Já o Ministério das Relações Exteriores reafirmou, por meio de sua assessoria, o posicionamento oficial divulgado em março do ano passado: “A operação contra o Paraguai foi suspensa pelo governo Lula”.

Por conta das novas evidências, a Polícia Federal decidiu investigar os episódios relacionados ao país vizinho em processo separado, conforme apurou a reportagem. O governo paraguaio, por sua vez, suspendeu as negociações bilaterais sobre Itaipu até que o Brasil forneça esclarecimentos sobre o caso. (Foto: EBC; Fonte: UOL)

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