Veruska Donato (foto) entrou na Justiça na última terça-feira (31) contra a TV Globo, sua ex-empregadora, por dívidas trabalhistas e assédio moral, inclusive com cobranças ligadas a padrões estéticos. As exigências teriam desenvolvido na jornalista um quadro de burnout, esgotamento físico e mental causado pelo trabalho. O valor da ação é de R$ 13 milhões.
De acordo com publicação do Notícias da TV, Veruska também pede reconhecimento de vínculo empregatício, já que trabalhou como PJ (Pessoa Jurídica) durante 17 anos, entre 2002 e 2019. Ela revela que a Globo só assinou sua carteira nos dois últimos anos. Com isso, os advogados da profissional querem todos os direitos trabalhistas do período em que ela não era registrada.
Além do assédio moral e dos problemas trabalhistas, a defesa de Veruska Donato afirma que a repórter não pediu demissão da emissora em 2021, mas que foi demitida pela Globo cinco dias após retornar de um afastamento médico.
A jornalista, que trabalhou na emissora durante 21 anos, anexou à ação um e-mail enviado pela chefia em que roupas de tecido aderente são consideradas “um perigo” para o visual porque marcam “um estômago mais avantajado e barriguinhas persistentes”.
“Tanto malhas quanto pano corrido que tenham fio de elastano na composição representam perigo em potencial para o figurino. A malha muito apertada marca detalhes, que não deveriam ser marcados, como dobras provocadas pelo sutiã, um estômago mais avantajado, barriguinhas persistentes, especialmente nos tons mais claros.”
A emissora também critica o figurino dos seus jornalistas: “A necessidade de colocar o repórter mais próximo do telespectador fez com que os blazers fossem substituídos por camisas e blusas de tricôs, as unhas pudessem ter alguma cor e saias/vestidos passaram a fazer parte do dia a dia da repórter. Apesar disso, temos visto alguns visuais inadequados, mesmo para os tempos atuais”, diz o e-mail.
O processo corre na 37ª Vara do Trabalho de São Paulo, e a Justiça já marcou uma audiência: Veruska Donato e a Globo se encontrarão no tribunal no dia 27 de março. Leia abaixo o e-mail da Globo enviada aos funcionários.
“Nos últimos anos, acompanhando as mudanças no comportamento das pessoas em geral, as diretrizes do figurino do Jornalismo, especialmente no que diz respeito às moças, ficaram mais flexíveis. A necessidade de colocar o repórter mais próximo do telespectador fez com que os blazers fossem substituídos por camisas e blusas de tricôs, as unhas pudessem ter alguma cor e saias/vestidos passaram a fazer parte do dia a dia da repórter.
Apesar disso, temos visto alguns visuais inadequados, mesmo para os tempos atuais. Gostaríamos, então, de lembrar alguns conceitos e normas que continuam importantes para o visual do Jornalismo da Globo.
Estampas – A estampa sempre foi proibida no Jornalismo pelo risco que ela pode causar na comunicação com o telespectador. Desde questões técnicas como o batimento, ao risco de um desafio ao bom gosto e ao bom senso, estampas florais, gráficas, listras com contraste forte, xadrezes de uma maneira geral não funcionam no vídeo. Elas costumam poluir a imagem e desviar a atenção do telespectador.
O certo: Funcionam bem no vídeo os listrados e xadrezes pequenos em tons que não façam muito contraste.
Calças – Leggings, fuseau e skinnies aumentam muito o quadril. Sarouel, dhoti, cenouras e outras excentricidades fashion não fotografam bem mesmo, fora que podem ser confortáveis e descoladas, mas não compõem um visual elegante, em nenhum tipo de quadril.
Jeans são permitidos, mas devem ser elegantes e bons, de preferência escuros. Nada de jeans rasgados e ‘modernosos’, nem para homens, nem para mulheres.
O certo: As calças mais adequadas para o jornalismo são as de corte de alfaiataria, retas. No caso de jeans, as pernas também devem ser retas. Tecidos aderentes – Tanto malhas quanto pano corrido que tenham fio de elastano na composição representam perigo em potencial para o figurino.
A malha muito apertada marca detalhes, que não deveriam ser marcados, como dobras provocadas pelo sutiã, um estômago mais avantajado, barriguinhas persistentes, especialmente nos tons mais claros.
No caso da roupa feita de tecido com elasticidade o risco de ficar apertada e repuxada é grande e dará a sensação de que o botão vai pular ou o fecho não vai resistir. Também, ao comprar a peça, é importante observar se a costura não está franzida. Esse tipo de material exige destreza da costureira na máquina e uma agulha especial que, muitas vezes, as confecções menores oferecem. No vídeo, o resultado é uma roupa eternamente amassada. Mesmo que a vendedora diga que passando sai, não sai não“.