O ministro da Defesa da Dinamarca, Trouls Lund Poulsen, reagiu nesta quarta-feira (5) a uma declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, em discurso ao Congresso, voltou a sugerir que Washington poderia assumir o controle da Groenlândia, território autônomo dinamarquês, “de um jeito ou de outro”.
A afirmação de Trump foi rechaçada por Poulsen em entrevista à emissora pública DR: “Isso não vai acontecer”. O ministro reforçou que o destino da ilha cabe exclusivamente à população local, afirmando: “O caminho que a Groenlândia irá tomar será decidido pelos groenlandeses”.
No mesmo dia, o primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, também se posicionou contra a pretensão americana, destacando a identidade independente de seu povo.
“Nós não queremos ser americanos nem dinamarqueses, nós somos groenlandeses. Os americanos e o seu líder precisam de entender isto. Não estamos à venda e não podemos simplesmente ser tomados. O nosso futuro é decidido por nós, aqui na Groenlândia”, declarou Egede, em resposta direta ao comentário de Trump. A fala do líder groenlandês reflete o desejo de autonomia em meio às pressões externas sobre a ilha.
Durante seu pronunciamento, Trump insistiu na relevância estratégica da Groenlândia para os interesses dos EUA, especialmente na área de segurança. “[A Groenlândia tem] uma população muito pequena, mas um pedaço de terra muito, muito grande e muito, muito importante para a segurança militar”, disse o presidente.
Apesar de mencionar apoio à autodeterminação dos groenlandeses — “Apoiamos fortemente seu direito de determinar seu próprio futuro. E se você escolher, daremos as boas-vindas aos Estados Unidos da América” —, ele não escondeu a intenção de incorporar o território, o que reacendeu o debate sobre as ambições americanas na região. Veja no trecho abaixo (em inglês).
Situada no Ártico, a Groenlândia é a maior ilha do mundo e abriga uma localização privilegiada, além de possuir supostas reservas abundantes de petróleo e minerais ainda não explorados.
Vinculada à Coroa dinamarquesa, a ilha conta com um governo autônomo que detém amplas competências. Com eleições parlamentares marcadas para 11 de março, o Legislativo local aprovou, na terça-feira (4), uma legislação que veta doações anônimas ou vindas do exterior a partidos políticos, uma medida vista como proteção contra possíveis influências externas no processo eleitoral. (Foto: reprodução vídeo; Fontes: CNN; Poder360; G1)