O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o chefe de Estado da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tiveram um encontro rápido neste sábado no Vaticano, pouco antes do funeral do Papa Francisco. A reunião, confirmada por ambas as lideranças, foi o primeiro contato pessoal entre eles desde a intensa discussão que tiveram no Salão Oval, em fevereiro, na presença do vice-presidente americano, JD Vance.
Após a reunião, Zelensky utilizou as redes sociais para relatar: “Foi uma boa reunião. Conversamos bastante pessoalmente. Espero que consigamos resultados em todos os pontos discutidos”. O ucraniano também destacou o simbolismo do encontro, dizendo que ele “poderá se tornar histórico se alcançarmos resultados conjuntos”, além de revelar que trataram de uma trégua “total e incondicional”.
Segundo Steven Cheung, diretor de comunicações da Casa Branca, os dois presidentes “se encontraram em caráter privado e tiveram uma discussão muito produtiva”.
Cheung acrescentou que mais informações serão divulgadas posteriormente. Já Serhii Nykyforov, porta-voz de Zelensky, informou que a conversa durou aproximadamente 15 minutos na Basílica de São Pedro e que uma nova rodada de negociações deveria ocorrer ainda neste sábado, com as equipes já trabalhando para viabilizá-la.
Na véspera, Trump havia defendido no Truth Social que Ucrânia e Rússia promovessem “negociações de altíssimo nível” para encerrar o conflito, que já dura três anos. Ainda na sexta-feira, seu enviado Steve Witkoff se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, e Trump afirmou que “ambos os lados estavam muito próximos de um acordo”. Putin, no entanto, não esteve presente no funeral.
O diálogo entre Trump e Zelensky ocorreu após declarações firmes do americano à revista Time, sugerindo que a Ucrânia aceitasse abrir mão de parte de seu território para alcançar a paz. Trump foi enfático ao afirmar que “a Crimeia continuará com a Rússia”. Zelensky, por sua vez, rechaçou a ideia:
“Nossa posição permanece inalterada. A Constituição da Ucrânia diz que todos os territórios temporariamente ocupados pertencem à Ucrânia. Faremos tudo o que nossos parceiros propuseram, exceto o que for contrário à nossa legislação e à Constituição ucraniana em relação à integridade territorial do país, incluindo a Crimeia.”, afirmou o líder ucraniano.
A península da Crimeia foi anexada pela Rússia em 2014, muito antes da invasão em larga escala que começou em 2022. Enquanto Zelensky insiste na recuperação da Crimeia e de outros territórios ocupados, Trump avalia que esse ponto tem dificultado as negociações. Sobre a questão, o americano declarou:
— Todo mundo entende que ela (a Crimeia) está com eles (os russos) há muito tempo. Eles têm seus submarinos lá muito antes de qualquer período de que estamos falando, por muitos anos. As pessoas falam principalmente russo na Crimeia.
Conforme apurou a Bloomberg News, propostas americanas em debate sugerem reconhecer a anexação da Crimeia e congelar o conflito nas linhas atuais, mantendo o controle de Putin sobre grandes regiões do leste e do sul da Ucrânia. Além disso, Kiev teria de abandonar sua intenção de integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Demonstrando irritação com a falta de avanços, Trump ameaçou, na semana passada, se retirar das negociações caso não haja progresso rumo a um cessar-fogo. No ano passado, o republicano chegou a prometer que encerraria a guerra em apenas 24 horas, caso fosse eleito novamente, embora tenha dito recentemente que a afirmação foi feita “em tom de brincadeira”.
Trump chegou ao Vaticano na sexta-feira, acompanhado da primeira-dama Melania Trump, e foi acomodado na primeira fileira da cerimônia, próximo ao presidente francês, Emmanuel Macron. Durante o voo para Roma, Trump explicou a jornalistas que sua presença no funeral era “por respeito” ao Papa, que faleceu na última segunda-feira aos 88 anos. E mais: Renan Calheiro diz que maior erro de Lula foi nomear Marina Silva. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução redes sociais; Fonte: O Globo)
