No alto de uma das regiões mais elevadas e geladas do país, onde a natureza preservada atrai aventureiros mesmo no inverno rigoroso, o sábado amanheceu coberto de gelo. Ali, em meio às montanhas da Serra da Mantiqueira, foi registrada a temperatura mais baixa de 2025 no Brasil: impressionantes -9,4°C, segundo dados divulgados às 6h46 da manhã.
O fenômeno ocorreu na estação do Campo Belo, localizada a 2.380 metros de altitude, dentro do Parque Nacional do Itatiaia, entre os municípios fluminenses de Itatiaia e Resende. A intensa massa de ar frio causou formação de geada nas áreas mais altas, cobrindo a vegetação com uma fina camada de gelo que encantou visitantes.
O parque, que é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), é o primeiro parque nacional criado no Brasil, em 1937, e se estende também até as cidades mineiras de Bocaina e Itamonte. Durante o inverno, atrai campistas e amantes da natureza, especialmente por causa do clima extremo e das paisagens montanhosas.
-9,4°C/RJ no Parque Nacional do Itatiaia! Via William Siqueira.
Menor do Brasil em 2025 até agora.
Coutinho/P.Scheuer pic.twitter.com/XBf4irxyjV
— CLIMATERRA (Ronaldo Coutinho e Piter Scheuer) (@Climaterra) June 14, 2025
No estado do Rio de Janeiro, a frente fria também foi sentida. De acordo com o Sistema Alerta Rio, a cidade do Rio registrou a menor temperatura do ano: 10°C, às 5h35, no bairro do Alto da Boa Vista, onde se localiza o Parque Nacional da Tijuca. Apesar do amanhecer gelado, o sábado deve ter céu parcialmente nublado a claro, com vento moderado e rajadas, e a temperatura deve subir ao longo do dia, podendo chegar a 28°C.
O frio se espalhou por diversas capitais. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Belo Horizonte e Curitiba registraram 9°C. Em São Paulo, a mínima foi de 11°C, enquanto Brasília e Porto Alegre marcaram 13°C. Goiânia teve 15°C, seguida por Florianópolis e Vitória, ambas com 16°C. Nas demais capitais brasileiras, a temperatura não baixou de 20°C durante a madrugada.
A combinação de paisagens naturais preservadas, altitudes elevadas e temperaturas abaixo de zero transforma o Parque Nacional do Itatiaia em um dos principais destinos para turismo ecológico de inverno no Brasil. Além das baixas temperaturas, a chance de presenciar geadas e formações de gelo nas trilhas e campos de altitude atrai visitantes todos os anos.
Enquanto o inverno avança, meteorologistas seguem atentos à atuação das massas de ar polar, que continuam influenciando as condições climáticas do Sudeste e do Sul do país. E, com o frio ganhando força, paisagens congeladas como as do Campo Belo voltam a despertar o fascínio e a curiosidade dos brasileiros.
O parque
Localizado no maciço de Itatiaia, na Serra da Mantiqueira, o Parque Nacional do Itatiaia é uma das joias naturais do Brasil. Estende-se entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais e abriga alguns dos cenários mais imponentes do território nacional. Criado em 14 de junho de 1937, é reconhecido como o parque nacional mais antigo do país, com área total de 11.943 hectares.
O nome Itatiaia tem origem tupi e pode ser traduzido como “penhasco cheio de pontas” ou “pedra pontuda” — uma referência às suas formações rochosas marcantes. No interior da unidade de conservação estão localizados alguns dos picos mais altos do Brasil, que se aproximam dos 2.800 metros de altitude.
A diversidade de altitudes e microclimas do parque contribui para a existência de uma fauna e flora extremamente ricas, com elevado grau de endemismo, sobretudo nas áreas de Mata Atlântica que cobrem a vertente voltada para o Vale do Paraíba. Espécies como bromélias e orquídeas são comuns nesse bioma exuberante.
O Parque é gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e cortado pela BR-485, considerada a estrada mais alta do Brasil, com trechos que chegam a 2.460 metros de altitude.
As terras que hoje compõem o parque pertenciam ao Visconde de Mauá até serem adquiridas pela União, em 1908, com o objetivo de instalar dois núcleos coloniais para cultivo de frutas. A proposta de criar um parque nacional na região foi apresentada oficialmente em 1913, pelo botânico Alberto Loefgren, ao Ministério da Agricultura. No mesmo ano, a ideia recebeu apoio de cientistas durante conferência na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro.
As terras passaram a integrar o patrimônio do Jardim Botânico em 1914, dando origem à Estação Biológica de Itatiaia, precursora da unidade de conservação. A criação oficial do parque aconteceu por meio do Decreto nº 1.713, assinado por Getúlio Vargas em 1937, que transformou a estação biológica em parque nacional, incorporando todas as estruturas já existentes.
O Parque Nacional do Itatiaia é também um importante manancial de águas cristalinas, com nascentes que abastecem as bacias hidrográficas dos rios Paraíba do Sul e Grande. Entre os principais cursos d’água da região estão os rios Campo Belo, Maromba, Flores, Marimbondo, Preto e Aiuruoca, que formam belas piscinas naturais e cachoeiras.
O clima no parque é influenciado por três classificações climáticas distintas:
Csb: temperado úmido, com verão seco e ameno;
Cwb: temperado úmido, com inverno seco e verão moderado;
Cwa: temperado úmido, com inverno seco e verão quente.
Nos meses de julho e agosto, auge do inverno brasileiro, a temperatura cai bruscamente e o clima torna-se frio e seco, favorecendo fenômenos como geadas — comuns sobre os campos e vegetação — e, eventualmente, neve, nos dias de frio mais intenso. (Foto: EBC; Fonte: UOL)
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