Nayib Bukele é reeleito presidente de El Salvador

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Presidente Nayib Bukele, 42 anos, proclamou a sua vitória nas eleições presidenciais de El Salvador e a do seu partido nas eleições legislativas. Ele é o primeiro presidente reeleito do país. A oposição reclama que sua eleição foi inválida, uma vez que a reeleição era proibida no país, mas foi autorizada por meio de uma emenda.

“De acordo com os nossos números, ganhámos as eleições presidenciais com mais de 85% dos votos e um mínimo de 58 dos 60 deputados da Assembleia”, afirmou Bukele à multidão que se concentrou em frente ao palácio do governo.

Na madrugada desta terça-feira (5) de fevereiro, a Corte Eleitoral ainda não havia chegado a 50% da contagem, o que fez a imprensa e a oposição levantarem dúvidas a respeito da veracidade do resultado.

Até por volta das 22h de ontem (4), o Tribunal dava dados parciais. Com 22% das Juntas Recebedoras de Votos processados, Bukele aparecia com 1.090.522 votos; e abaixo, com 93.846 votos, num distante segundo lugar, o candidato da FMLN, Manuel Flores. O país tem 6,2 milhões de pessoas.

Bukele apareceu na varanda do Palácio Nacional às 10h24 da noite, acompanhado da esposa. Abaixo, na Plaza Gerardo Barrios, uma multidão esperava por suas palavras. “O povo salvadorenho disse: queremos continuar o caminho que estamos trilhando… El Salvador quer fazer comércio com todos, El Salvador quer que eles venham nos visitar, nós queremos que eles venham, nos visitem, nos conheçam. Mas o que não seremos serão seus lacaios. Já testamos suas receitas há 50 anos”, disse ele.

 

Segundo veículos locais, nas urnas da capital houve estimativas de comparecimento de 42%. A vantagem de Bukele sobre os demais contendores foi notável.

Às 15h30 de ontem, Bukele começou o dia com uma coletiva de imprensa transmitida ao vivo. Nele, o presidente reeeleito respondeu oito perguntas à imprensa internacional e nenhuma de jornalistas salvadorenhos foi autorizada.
Um repórter do El País espanhol perguntou a Bukele se ele apoiava outras declarações nas quais seu vice disse ao New York Times: “Não estamos desmantelando (a democracia), estamos eliminando-a, substituindo-a por algo novo”.
Bukele respondeu: “Não acredito em nada do New York Times. É a primeira vez que temos democracia… Os membros das gangues foram treinados com dinheiro público para ensiná-los a atirar nas pessoas na cabeça e no coração… Isso é o que você chama de democracia”, disse ele ao repórter espanhol.

O dia terminou com uma praça Gerardo Barrios saturada de seguidores de Bukele, que falavam da varanda do Palácio Nacional.

 

Contrário aos Acordos de Paz de 1992, Bukele criticou-os novamente: “Aqui não tínhamos paz, vivíamos em guerra, mais do que sangrávamos até à morte na guerra”. Foi o preâmbulo para justificar o regime de emergência em vigor desde março de 2022 e defender o desmantelamento dos bandos.

“Eu te pergunto: poderíamos ter vencido a guerra contra as gangues com o promotor da ARENA? Poderíamos ter vencido a guerra contra as gangues com a anterior Câmara Constitucional? Poderíamos ter vencido a guerra contra as gangues sem aprovar o Plano de Controle Territorial? “Poderíamos ter vencido a guerra contra as gangues sem o regime de emergência que foi renovado 24 vezes?”, perguntou Bukele a uma multidão que respondeu todas as vezes com um sonoro “não”.

Ele não desperdiçou a oportunidade de repreender novamente os jornalistas: “Eu pergunto a esses jornalistas, por que vocês querem que eles nos matem? Por que querem ver o sangue dos salvadorenhos? “Por que deveríamos nós e os nossos filhos morrer para que vocês possam ficar felizes por estarmos respeitando a sua falsa democracia que nem vocês mesmos respeitam em seus próprios países?” ele perguntou da varanda.

“Vocês viram, graças a Deus e a este povo nobre e unido, como El Salvador passou de mais inseguro a mais seguro. Agora, nestes próximos cinco anos, esperem até ver o que veremos”, disse Bukele quase ao final de seu discurso. A multidão respondeu com aplausos e logo depois o céu se iluminou com uma exibição de fogos de artifício, enquanto Bukele e sua esposa cumprimentavam a multidão comemorando os resultados não oficiais.

A essa altura, Bukele já havia recebido os parabéns e o reconhecimento pela vitória eleitoral nas redes sociais do presidente de Honduras, Xiomara Castro, e do novo presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo.

Após uma explosão de violência em 2022, o governo impôs um estado de emergência e realizou uma série de prisões que são acusadas pelas ONGS, imprensa, partidos de oposição de serem “sem o devido processo”.

Mas o estado de emergência, que durou dois anos, transformou o país. Os homicídios despencaram, assim como as extorsões. As detenções de salvadorenhos tentando cruzar a fronteira dos EUA caíram um terço no último ano, quando o número total de imigrantes disparou, algo que especialistas atribuem à sensação de segurança nas ruas.

Por mais de duas décadas, as gangues aterrorizaram El Salvador, abalando a economia, assassinando civis e provocando uma onda de migração para os EUA. Os dois partidos que governaram o país pouco fizeram para controlar os massacres, com presidentes que enriqueceram enquanto a população era caçada pelos criminosos.

Bukele chegou ao cargo em 2019 através de eleitores insatisfeitos com políticos tradicionais. E enquanto é atacado por ferir liberdades individuais, seu governo entregou os resultados que a população queria. Cerca de 75 mil pessoas foram detidas, incluindo 7 mil que foram liberadas posteriormente. Foi construída uma megaprisão para acomodar todos os novos presos.

“A essas pessoas que dizem que a democracia está sendo desmantelada, a minha resposta é que sim, nós não estamos desmantelando, mas sim eliminando e substituindo por algo novo”, disse Félix Ulloa, candidato a vice na chapa de Bukele. Para ele, o sistema democrático que existiu por anos em El Salvador só beneficiou políticos corruptos e deixou o país com milhares de mortos. (Foto: reprodução vídeo; Fontes: O Farol (El Salvador); O Globo)

 

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