Novo ministro de Lula é réu em ação e nomeou familiar da esposa na Telebras

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O engenheiro Frederico de Siqueira Filho, recém-nomeado ministro das Comunicações, está no centro de uma série de controvérsias reveladas em reportagem exclusiva do UOL. Segundo o portal, ele responde na Justiça por improbidade administrativa e chefiou a Telebras durante uma gestão marcada por manobras contábeis e prejuízos milionários.

De acordo com a reportagem, Siqueira é réu em uma ação que tramita desde 2020 no Tribunal de Justiça de Pernambuco. O motivo é que uma empresa da qual o novo ministro é sócio recebeu R$ 12 mil — valor da ação — para prestar serviços de engenharia à Prefeitura de Paulista (PE)

Ainda conforme o UOL, durante sua passagem pela presidência da Telebras, Siqueira Filho nomeou o primo da esposa como chefe de gabinete da estatal, com salário mensal de R$ 30 mil.

A reportagem aponta que o caso envolve suspeita de nepotismo, embora o ministro afirme que “não há nepotismo nem irregularidade na nomeação do primo de sua esposa e a indicação ‘baseou-se exclusivamente na capacidade técnica do nomeado'”.

A nomeação de Siqueira Filho ocorreu após a saída de Juscelino Filho (União-MA), ex-ministro denunciado pela Procuradoria-Geral da República por envolvimento em corrupção, desvio de verbas públicas, fraude em licitação e participação em organização criminosa.

Com a vaga em aberto, o União Brasil indicou inicialmente o deputado Pedro Lucas, que recusou o convite. Siqueira foi o segundo nome da legenda, com apoio direto do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

A reportagem do UOL também detalha que, sob a gestão de Siqueira, a Telebras teria adotado uma manobra fiscal conhecida como “pedalada”, utilizando a rubrica orçamentária chamada DEA (Despesas de Exercícios Anteriores) para empurrar obrigações de 2023 para 2024. “O TCU (Tribunal de Contas da União) investiga o caso, revelado pelo UOL. Em 2025, a empresa fez a mesma manobra, em um total de R$ 31 milhões até o momento.”

Outro ponto crítico do relatório da Telebras, divulgado em março deste ano, é o aumento expressivo no prejuízo líquido ajustado. “Passou de R$ 111 milhões, em 2023, para R$ 252,1 milhões no ano passado”, de acordo com o levantamento.

A estatal alegou que o resultado negativo foi causado por cortes nos repasses do governo federal, aumento das despesas operacionais e da depreciação de ativos. O Ebitda, indicador que mede o desempenho operacional da empresa, caiu 50%.

A mesma reportagem destaca que a Telebras propôs um aumento nos salários da alta cúpula da estatal. “No dia 17 de abril, a Telebras propôs um aumento salarial para 17 integrantes do corpo diretivo (direção da estatal, conselho de administração e conselho fiscal). O valor, em dezembro de 2024, era de R$ 3,5 milhões em um ano. A sugestão, que precisa ser aprovada pelos acionistas, é aumentar para R$ 6,1 milhões.”

Procurado pelo UOL, Siqueira Filho declarou que “nunca foi condenado em qualquer processo judicial e possui uma trajetória profissional íntegra, construída majoritariamente na iniciativa privada”. A Telebras, por sua vez, não respondeu aos questionamentos da reportagem.

A reportagem ainda ressalta que a Telebras, internamente apelidada de “República do Amapá”, é considerada um reduto de influência de Alcolumbre, que teria indicado aliados para cargos estratégicos na estatal.

A nomeação de Siqueira, portanto, reacende discussões sobre os critérios para ocupação de cargos-chave no governo federal e as consequências de indicações políticas em áreas técnicas e sensíveis da administração pública. E mais: Morre a atriz Lucia Alves. Clique AQUI para ver. (Foto: Palácio do Planalto; Fonte: UOL)

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