“Pode haver uma guerra na Suécia”, afirmou de forma surpreendente o ministro da Defesa Civil da Suécia, Carl-Oskar Bohlin, em uma conferência de defesa no domingo (14), alertando contra a inação do país.
Alguns dias depois, o comandante-chefe das forças armadas suecas, Micael Byden, concordou com a fala do ministro, lembrando para casas queimadas e bombardeadas na Ucrânia. “Você acha que isso poderia ser a Suécia?”, perguntou ele no mesmo evento, explicando que essa não era apenas uma pergunta retórica. “A guerra da Rússia contra a Ucrânia é um estágio, não um objetivo final, com o objetivo de estabelecer uma esfera de influência e destruir a ordem mundial baseada em regras”, disse ele. O chefe do exército continuou dizendo que os suecos “devem se preparar mentalmente para a guerra”.
A partir da declaração, a população sueca passou a conviver com a dúvida se a preocupação do governo era real ou um mero alarmismo. Até porque a Suécia envia regularmente tropas para operações de manutenção da paz, o país, que é candidato a membro da OTAN desde maio de 2022, não se envolveu em um conflito armado desde as Guerras Napoleônicas, no século 19.
Além de seu pedido de adesão à OTAN, a Suécia assinou um acordo no início de dezembro autorizando os Estados Unidos a ter acesso a 17 bases militares em seu solo.
Segundo reportagem da ‘Rádio França Internacional’, após as declarações, a ONG de direitos das crianças ‘Bris’ relatou um aumento acentuado no número de ligações para sua linha direta de crianças preocupadas com a perspectiva de guerra. “Os níveis de ansiedade de muitas crianças suecas foram agravados por essas informações”, disse Magnus Jagerskog, secretário-geral da associação, em um comunicado.
As cadeias de lojas também registraram um aumento nas compras de itens como rádios de emergência, galões de água e fogões de acampamento. Essas declarações alimentaram um intenso debate sobre o fato de serem alarmistas. “A situação é grave, mas também é importante deixar claro que a guerra não está à nossa porta”, disse Magdalena Andersson, líder dos social-democratas suecos e ex-primeira-ministra.
A Rússia ridicularizou as declarações suecas, com a embaixada russa na Suécia escrevendo no X: “Talvez os líderes suecos devessem parar de alimentar a paranoia em seu povo?”, apesar de antes do conflito na Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, ganhou tempo se preparando para o conflito desconversando sobre suas reais intenções de invadir o país. Alexey Pushkov, membro da câmara alta do parlamento russo, disse no Telegram que “às vezes você tem a impressão de que alguns soldados e jornalistas suecos estão quase sonhando com a guerra”.
A perspectiva de a Rússia atacar a Suécia é infundada, de acordo com Mark Galeotti, do think tank Royal United Services Institute. “Entendo que as forças armadas precisam considerar os piores cenários, e a Rússia tem se mostrado mais agressiva do que qualquer um previa”, diz ele. “Mas tenho que admitir que estou cético quanto à probabilidade de tal cenário”.
Outro ponto que pode indicar que, ao menos desta vez, os russos estejam falando a verdade é que a Suécia é um país-membro da OTAN e, caso seja mesmo invadida, contaria com o apoio militar direto dos associados, como Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, entre outros. Clique AQUI para ver a lista completa de nações.
A Suécia, oficialmente ‘Reino da Suécia’, é um país nórdico, localizado na península Escandinava na Europa do Norte. Tem fronteiras terrestres com a Noruega, a oeste, e com a Finlândia. É o terceiro maior país da União Europeia em termos de superfície. Possui uma população total de pouco mais de 10 milhões de habitantes e sua capital é Estocolmo, que tem cerca de 3,3 milhões de moradores.
É uma monarquia constitucional com um sistema parlamentar de governo e um monarca com funções unicamente representativas. O atual Rei é ‘Carlos XVI Gustavo’, enquanto Ulf Kristersson assume atualmente o cargo de primeiro-ministro. E veja também: Peritos do INSS cruzam os braços nesta quarta-feira (17) e cobram governo. Clique AQUI para ver.