A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro reagiu com ironia às acusações de que faria parte de uma ala radical que teria incentivado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a liderar um golpe de Estado em 2022.
As afirmações surgiram na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, cuja primeira parte foi divulgada nesta segunda-feira (27). “Todos sabem o motivo para requentarem isso agora. Esse governo e o sistema vivem de cortina de fumaça para esconder a sua traição contra o povo”, declarou Michelle, em nota enviada por sua assessoria de imprensa.
O depoimento de Mauro Cid, obtido pelo colunista Elio Gaspari, da Folha de SP, coloca Michelle e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, entre os integrantes de um grupo que “conversava constantemente com o ex-presidente, instigando-o para dar um golpe de Estado”.
Segundo o militar, nove das 40 pessoas indiciadas pela Polícia Federal estariam envolvidas na tentativa de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Michelle também criticou o acesso seletivo a informações sigilosas do inquérito: “Estranho mesmo (e todos fingem que não veem) são esses ‘acessos’ a inquéritos sigilosos, sendo que os advogados dos acusados são proibidos de acessar os dados para promoverem a defesa de seus clientes. Uma afronta à Constituição e aos direitos humanos”, afirmou.
Em tom sarcástico, a ex-primeira-dama relembrou um discurso de novembro de 2023, no qual ironizou a ideia de estar envolvida em um golpe. Durante o evento, ela simulou movimentos de boxe e disse:
“Golpe? Eu, incitando o golpe? Com qual arma? Minha Bíblia poderosa? Eu dou golpe, eu sei dar golpe e quero ensinar para vocês agora. Olha só, presta atenção: jab, jab, direto, cruzado, upper, esquiva, overhand.”. Clique AQUI para ver.
Através das redes sociais, Michelle compartilhou uma imagem de uma chamada jornalística mencionando seu nome e o de Eduardo na delação, acompanhada de um emoji de lágrimas. Eduardo Bolsonaro também se manifestou no Twitter:
“Mauro Cid fez diversas delações, mudou sua versão várias vezes. Mas se os advogados de defesa de @jairbolsonaro pagarem para a Folha R$ 1,90/mês durante 6 meses poderão ter acesso à primeira delas.”