Maestro João Carlos Martins revela diagnóstico de câncer aos 84 anos

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Aos 84 anos, o maestro João Carlos Martins, um dos nomes mais respeitados da música clássica brasileira, enfrentou mais um desafio em sua trajetória de superação.

Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o artista revelou que, em março deste ano, foi diagnosticado com um câncer agressivo na próstata, que resultou em uma cirurgia de emergência e um pós-operatório dramático em março deste ano.

Conhecido por seu entusiasmo e determinação, Martins se prepara para momentos importantes em sua carreira. No dia 9 de maio, ele retorna ao Carnegie Hall, em Nova York, para sua 30ª apresentação na cidade onde estreou em 1962, aos 21 anos.

Antes disso, fará uma prévia na Sala São Paulo, no próximo dia 30, com o mesmo repertório. Apesar da grave notícia que recebeu há poucos meses, o maestro mantém a programação de apresentações, demonstrando a força que o acompanha desde os primeiros obstáculos de sua vida artística.

Martins contou que, assim que foi diagnosticado, a decisão pelo tratamento foi imediata, em conjunto com os médicos Roberto Kalil Filho, Raul Cutait e Anuar Mitre. “Era um câncer agressivo. A operação durou 4h20 e foi um sucesso de 100%”, relatou.

No entanto, o momento mais difícil viria logo depois. Após uma tomografia, os médicos detectaram uma obstrução intestinal grave, com risco de perfuração do intestino delgado.

O maestro passou por um intenso tratamento de emergência, que descreveu como “a pior noite da minha vida”. “À meia-noite, depois que fiz uma tomografia com contraste, a equipe do Kalil e do Cutait entrou no meu quarto e disse: você está correndo o risco de ter seu intestino delgado perfurado. Havia uma obstrução e as fezes já estavam perto do pulmão. Começou uma operação de guerra que durou 24 horas. Eu tenho até vergonha de contar. Injetaram um litro [de uma substância para desobstruir o intestino]. Foi traumático. Eu durmo e acordo com isso”, revelou.

As consequências do episódio não pararam por aí. O estresse pós-operatório agravou uma antiga condição que o maestro enfrenta desde os anos 1960: a distonia focal do músico, um distúrbio neurológico que afeta os movimentos.

Como resultado, sua mão esquerda ficou totalmente fechada, exigindo tratamento intensivo para que ele possa estar apto a se apresentar novamente em maio.

Apesar dos momentos difíceis, Martins afirma que mantém a esperança e a determinação. Diz que não teme a morte. “Estou preparado para ter outros voos no futuro, depois da morte”, declarou. Para ele, ser artista é ser missionário: “Nossa missão é transmitir emoção, inspirar”.

O maestro se inspira no exemplo de seu pai e de seu irmão, ambos também exemplos de superação diante de diagnósticos médicos severos. “Meu pai foi desenganado aos 37 anos e viveu até os 102. Meu irmão, diagnosticado com linfoma, ainda correu duas São Silvestre”, relembrou.

Martins acredita que o câncer foi completamente extirpado, mas continuará realizando exames de acompanhamento. “Sempre pode haver uma reincidência, mas não vai ser o meu caso”, afirmou, confiante.

O maestro enxerga este novo capítulo como o início da “terceira fase” de sua vida, dedicada à construção de um legado voltado à educação musical.

Após superar problemas de saúde ao longo de décadas — incluindo mais de 30 cirurgias, principalmente nas mãos — João Carlos Martins segue sendo um exemplo de perseverança, resiliência e paixão pela música. E mais: Justiça Eleitoral torna Pablo Marçal inelegível mais uma vez. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: Folha de SP)

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