Em discurso nesta terça-feira (18), Lula (PT) disse que pessoas com transtornos mentais têm “problema de desequilíbrio de parafuso”. A fala aconteceu durante encontro com os chefes dos Três Poderes, além de governadores e prefeitos, para tratar de ações de prevenção à violência nas escolas.
“Sempre ouvi dizer que a Organização Mundial da Saúde sempre afirmou que a humanidade deve ter mais ou menos 15% de pessoas com problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, se você pegar 15% disso significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça”, disse Lula.
“Temos que pensar e analisar a saúde mental dessas crianças dentro da escola. Por que a criança não pode ser seguida pelos médicos quando começa a entrar na escola para ver o comportamento dela, para analisar. Temos que esperar ter um crime para acontecer isso?”, completou. Assista abaixo!
Segundo reportagem do portal Terra, o blog Vencer Limites pediu explicações do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) e da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Ainda não houve resposta.
“Estou indignada com a fala capacitista do presidente Lula, não apenas o uso inadequado, em forma de brincadeira, com “desequilibrio de parafuso”, mas por associar pessoas com transtornos mentais à violência”, disse ao blog Vencer Limites a fundadora e presidente da Associação Mãos de Mães de Pessoas com Esquizofrenia (AMME), Sarah Nicolleli.
Para o advogado Emerson Damasceno, presidente da Comissão Especial de Defesa da Pessoa Autista do Conselho Federal da OAB e presidente da Comissão de Defesa da Pessoa com Deficiência da OAB-CE, as afirmações do presidente Lula são inaceitáveis.
“É lamentável, para dizer o mínimo, que o Presidente Lula tenha uma fala tão capacitista nesse caso. Primeiramente porque estigmatiza ainda mais quem já sofre diariamente o estigma do preconceito. Além disso, porque vincula deficiência aos terríveis e criminosos massacres nas escolas, quando sabemos que pessoas com deficiência sofrem diariamente, como vítimas, da violência fruto do preconceito e do ódio, inclusive nas escolas.