Na semana passada, diretores da Jovem Pan realizaram encontros em Brasília (DF) com políticos e ministros associados a Lula (PT). A ação foi revelada pelo jornal Folha de São Paulo, nesta quarta-feira (23).
A estratégia subjacente a essas reuniões visa indicar uma atenuação na linha editorial do canal de notícias da TV paga, além de estabelecer uma relação mais “cortês” com o governo petista.
As conversações são lideradas por Marcelo Carvalho, vice-presidente da Jovem Pan e irmão de Antônio Augusto do Amaral Carvalho Filho, conhecido como Tutinha.
Marcelo Carvalho tem sido uma figura frequente em Brasília desde março, e, segundo o veículo, somente agora os frutos das várias demissões realizadas pela empresa estão começando a se tornar evidentes, buscando alterar sua imagem pública.
Dentre as ações empreendidas, destaca-se o corte de comentaristas considerados “extremistas”, tais como Augusto Nunes, Zoe Martinez e Rodrigo Constantino, juntamente com outros nomes identificados com o conservadorismo.
Essas medidas, de acordo com informações do jornal, foram adotadas no intuito de atrair uma maior parcela de anúncios governamentais. Até o momento, ao longo do ano, apenas R$ 2,4 mil foram investidos em publicidade federal na empresa.
No decorrer de 2022, as rádios AM e FM da Jovem Pan News receberam um montante de R$ 1,68 milhão, enquanto a TV Jovem Pan News obteve R$ 1,93 milhão, e as plataformas digitais do Grupo Jovem Pan receberam R$ 96,5 mil, o que está plenamente de acordo com a audiência do grupo.
Importante ressaltar que esses números não englobam os investimentos publicitários provenientes de bancos e grandes entidades estatais, como a Petrobras.
A Jovem Pan sustenta a posição de que tem oferecido “liberdade” para opiniões divergentes e adotado uma postura de “direita moderada”.
Nas discussões com a cúpula petista, um exemplo mencionado foi o de Tiago Pavinatto, apresentador do programa “Linha de Frente” e comentarista do programa “Os Pingos nos Is”, que tem recebido reconhecimento na TV por assinatura.
Entretanto, uma virada irônica ocorreu recentemente, já que o apresentador foi demitido ontem (22) após não acatar a ordem da diretoria de emitir desculpas públicas a um desembargador por críticas a uma decisão judicial.
A tentativa de estreitar laços com o governo também está intrinsecamente vinculada ao processo legal movido pelo Ministério Público Federal (MPF) contra a emissora. O órgão solicitou a revogação de três concessões de rádio pertencentes à empresa.
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