A nuvem persistente de fumaça resultante das queimadas que assolam o Amazonas há dois meses tem impactado severamente a qualidade do ar na região, levando a população a retomar o uso de máscaras como medida de proteção, prática comum durante a pandemia de covid-19.
O Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) revela que a qualidade do ar atingiu níveis alarmantes, pressionando os governos local e federal a adotarem medidas mais efetivas para conter os incêndios florestais.
Em relato ao jornal O Estado de São Paulo, uma jovem asmática compartilhou a angústia de enfrentar a fumaça, afirmando: “O uso de máscara tem ajudado em alguns momentos e em outros parece não adiantar, sabe? A sensação é de constante sufocamento. Por ser asmática, tive algumas crises no ônibus a ponto de a bombinha fazer pouco efeito, porque era muita fumaça e bem densa.”
Outubro registrou um recorde negativo de 3.858 focos de incêndio no Amazonas, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), marcando o pior número desde o início da série histórica em 1998. As áreas mais afetadas estão nos municípios de Careiro, Autazes e na região Sul do Estado, conhecida como ‘Arco do Fogo’.
O governo do Amazonas atribui a fumaça que cobre Manaus às queimadas no Pará, destacando que a influência do Rio Amazonas contribui para a propagação da fumaça. O secretário estadual de Meio Ambiente, Eduardo Taveira, afirmou que o governo tem atuado desde março no combate aos focos de incêndio.
Diante da crise ambiental, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, transferiu parte da responsabilidade para o Congresso Nacional, instando os parlamentares a aprovar o Projeto de Lei 1.818/2022, que estabelece a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo.
A proposta busca disciplinar o uso do fogo no meio rural, especialmente entre comunidades tradicionais e indígenas, e prevê sua substituição gradual por outras técnicas, além de criar instâncias intergovernamentais para gerenciar respostas a incêndios em vegetações.
A visibilidade em Manaus agora. São 2 milhões de habitantes da cidade que, no meio da maior floresta tropical do mundo, não têm ar puro para respirar. pic.twitter.com/WG5Ko6y0KC
— Erika Berenguer (@Erika_Berenguer) November 4, 2023
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