Expedita Ferreira Nunes, a única filha do cangaceiro Lampião com Maria Bonita, está processando o professor, jurista e escritor Tiago Pavinatto por termos utilizados no livro “Da Silva: a grande fake news da esquerda”.
O best-seller, que figura na lista de mais vendidos do país desde seu lançamento, em agosto, busca desconstruir a aura de heroísmo que muitas vezes é atribuída ao legado de Virgulino Ferreira da Silva.
A filha de Lampião pede uma indenização de R$ 245 mil por conta do uso de expressões como “psicopata”, “ladrão”, “torturador”, “golpista”, “sequestrador” e “terrorista mercenário” para definir a índole do pai.
“Era só o que me faltava: a filha de Lampião quer tirar o meu livro de circulação. Se você ainda não leu, corra, porque eu não duvido de mais nada neste país”, declarou Pavinatto, indignado com a ação movida por Expedita.
ERA SÓ O QUE ME FALTAVA: a filha de Lampião quer tirar o meu livro de circulação.
Se você ainda não leu, corra, porque eu não duvido de mais nada neste país. pic.twitter.com/Or8qv8fhpb— Pavinatto (@Pavinatto) November 18, 2023
Thigo Pavinatto, ex-Jovem Pan, e a editora Almedina dizem que já estão tomando “providências cabíveis”.
Expedita
Única filha reconhecida do casal cangaceiro Lampião e Maria Bonita, Expedita Ferreira Nunes tinha apenas cinco anos quando os pais morreram. Ela tem hoje 91 anos, nascida em 1932.
Quando nasceu, ela foi entregue a um aliado de Lampião, que cuidou da jovem até ela completar oito anos. Depois disso, a guarda de Expedita ficou sob os cuidados de seu tio, João Ferreira.
Em entrevista para a Folha de S. Paulo, em 2000, a filha de Lampião e Maria Bonita narrou sua vivência ocupando tal posição. “A lembrança é pouca, mas tenho de pequena até hoje”.
“Quando ele chegava em casa e me pegava, me abraçava. Eu tinha medo das roupas, daquele povo todo que vinha com ele [Lampião], das armas, eu tinha medo de tudo. Mas ele me pegava, me botava no colo”, relembrou.
Sobre o livro
Em ‘Da Silva: A Grande Fake News da Esquerda’, o jurista e professor Tiago Pavinatto mergulha na história de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e traça o perfil da figura história definida na obra como “terrorista mercenário que extorquia os ricos e destroçava a vida dos pobres”. Lançamento da editora Almedina Brasil, pelo selo Edições 70, o livro revela uma perspectiva sem romantismos do cangaceiro mais conhecido da história brasileira.
A obra se propõe a desconstruir a aura de heroísmo que muitas vezes é atribuída ao cangaceiro. Com base em uma pesquisa profunda de estudos nacionais e internacionais sobre Lampião, o autor traça um perfil minucioso que revela a verdadeira face desse personagem popular e o expõe como um psicopata, cujas ações atingiram níveis de crueldade e violência que vão muito além de qualquer interpretação idealizada.
Por meio de análises minuciosas e documentadas, Pavinatto, que não é alheio à polêmica, expõe as ações de Lampião e sua quadrilha demonstrando a amplitude das atrocidades cometidas. Os relatos de crimes vão desde roubos a estupros, assassinatos e extorsões, atividades que desmantelam as narrativas idealizadas de um líder justiceiro que supostamente roubava dos ricos para dar aos pobres.
A obra contextualiza as relações de Virgulino com as forças políticas da época, mostrando como ele foi instrumentalizado e manipulado para atender a agendas diversas. É nesse sentido que o autor sustenta a tese de que o altruísmo de “da Silva” é uma Fake News criada e difundida, a partir da década de 1920, pelo comunismo brasileiro, então capitaneado por Luís Carlos Prestes, com a intenção de canalizar o cangaço para fomentar a revolução social.
A transformação de Lampião em uma figura homenageada, laureada inclusive em eventos grandiosos como o Carnaval carioca, também é discutida por Pavinatto. Ao rebater essa reverência, ele lança luz sobre a distorção histórica que coloca um indivíduo associado a crimes brutais no centro de celebrações populares e chama atenção para o descaso com o sofrimento e a memória das vítimas desse algoz e seu bando.
Da Silva: A Grande Fake News da Esquerda é um convite à reflexão sobre a construção da memória histórica. O autor desafia o leitor a se confrontar com a verdadeira face de um personagem que se tornou um mito, mostrando como a narrativa do heroísmo pode ser distorcida em nome de interesses políticos. Ao apresentar uma análise detalhada e fundamentada dos crimes de Lampião, o autor questiona as narrativas hegemônicas e incita a busca por uma compreensão mais profunda dos eventos e personagens que moldam o Brasil. Clique AQUI para ver à venda na Amazon.
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