Federal de Pelotas quer curso de Medicina exclusivo para assentados do MST

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A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) está avaliando a possibilidade de oferecer um curso de medicina exclusivo para pessoas cadastradas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou beneficiárias de projetos de assentamentos. Essa informação foi divulgada pelo portal Gaúcha Zero Hora.

Segundo a reportagem, representantes da UFPel se reuniram com lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na última sexta-feira (23) para discutir a criação de turmas especiais de Medicina voltadas para esse grupo. A reitora da universidade, Isabela Andrade, afirmou que essa iniciativa é uma resposta às preocupações sociais relacionadas à saúde e ao acesso a cuidados médicos adequados nas áreas rurais e entre as comunidades agrárias.

De acordo com a reitora, essa iniciativa busca proporcionar emancipação individual com um compromisso social, diferenciando-se de ações assistencialistas. Ela destaca que essa oportunidade pode representar um instrumento de transformação para essas pessoas.

A parceria entre a UFPel e o Incra não é algo novo, conforme mencionado pela Gaúcha. Há 12 anos, a universidade é a única no país a oferecer formação em Medicina Veterinária para assentados, recebendo alunos de todos os estados. Desde o início do programa, 139 profissionais concluíram seus estudos.

Atualmente, há seis turmas de nível superior vinculadas ao Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) no Rio Grande do Sul, totalizando 266 estudantes.

Além dos 112 alunos de Medicina Veterinária da UFPel, há 98 cursando Agronomia no Campus Erechim da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e no Instituto Educar, em Pontão.

Também existem 20 estudantes de licenciatura em História em Erechim e no Ipe-Campo/Iterra no assentamento Viamão/Filhos de Sepé em Viamão, ambos institutos que fazem parte da parceria. Além disso, 36 estudantes estão matriculados em Tecnologia em Agropecuária no Campus Frederico Westphalen da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI).

No entanto, o Conselho Regional de Medicina (Cremers) expressou preocupação com a iniciativa e solicitou esclarecimentos à reitoria da UFPel em um prazo de 48 horas. O Cremers citou a Constituição e enfatizou que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado, sem segregação de cidadãos em grupos específicos.

Carlos Sparta, presidente do Cremers, ressaltou que existem resoluções em vigor no país que estabelecem critérios para o ingresso nos cursos de Medicina, e que não é possível beneficiar apenas um grupo específico. Ele argumenta que os programas como o Médicos pelo Brasil e o Mais Médicos já oferecem soluções para descentralizar a atuação dos profissionais e evitar a falta de atendimento em áreas mais isoladas, como as rurais.

Sparta incentiva brasileiros ou estrangeiros com diploma revalidado a se inscreverem nesses programas, que têm obtido muito sucesso. Portanto, na opinião dele, não há necessidade de criar turmas específicas para atender diferentes populações.

É importante destacar que as discussões e debates em torno dessa possível iniciativa ainda estão em andamento, e a resposta da UFPel aos questionamentos do Cremers ainda não foi divulgada.


Fonte: Gaúcha ZH
Foto: reprodução via Gaúcha ZH

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