O jornal O Globo publicou nessa quarta-feira (15) um editorial contundente sobre a crise fiscal enfrentada pelo Brasil, apontando a gravidade da situação das contas públicas e a necessidade urgente de medidas que correspondam aos desafios fiscais do país. O título é: “Negar gravidade da atual crise fiscal é inadmissível”.
A análise destaca o desempenho fiscal do Brasil, que se encontra entre os piores no cenário global. De acordo com o editorial, “num grupo de 23 economias emergentes e desenvolvidas, o Brasil aparece com o segundo pior resultado nas contas públicas. No levantamento que considera receitas, gastos e também despesas com os juros da dívida, apenas a Bolívia tem desempenho pior, segundo análise do banco BTG Pactual”.
A publicação explica que esse quadro fiscal tem se repetido nos últimos dois anos e deve continuar em 2025, com o Brasil mantendo-se em uma trajetória de aumento do déficit fiscal, enquanto outros países, como Bolívia, começam a reduzir o tamanho de seus déficits.
Para o jornal, “tentativas de ilusionismo ou negação não mudaram nem nunca mudarão a realidade”. O editorial afirma que, independentemente da metodologia usada, o desempenho fiscal do Brasil é insustentável e que o país está pior que a média dos emergentes, dos desenvolvidos e da América Latina.
A análise também faz uma crítica à previsão do governo de um déficit fiscal de 0,1% do PIB em 2024, conforme antecipado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O cálculo, no entanto, omite despesas com os juros da dívida, o que distorce a realidade fiscal.
“O esforço pode ser válido, mas o incrível é que, com todas essas ressalvas, o governo não conseguiu equilibrar as contas”, diz o editorial. A falta de um ajuste fiscal mais robusto leva à conclusão de que “negar a gravidade da crise fiscal é inadmissível”.
O Globo também aponta que o endividamento do Brasil, que já é elevado, continuará a crescer, aumentando o custo de rolagem da dívida e com previsões preocupantes. Segundo projeções da Instituição Fiscal Independente (IFI), a dívida do Brasil pode atingir 86% do PIB no próximo ano, chegando a 116% em 2034, o que agrava a insegurança econômica.
O editorial conclui que é necessário um “ajuste amplo para ter efeito”, com governo e Congresso trabalhando em conjunto para sanar a dívida fiscal e evitar consequências ainda mais drásticas para a economia do país. Clique AQUI para ver na íntegra. (Foto: EBC)