Defesa de General Heleno chama denúncia da PGR de ‘terraplanismo’

direitaonline



O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), apresentou nesta quinta-feira (6/3) sua defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF), rebatendo as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR) de que teria integrado uma tentativa de golpe de Estado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

A petição, enviada ao STF, questiona a competência da Corte para julgar o caso e critica a denúncia, classificando-a como um “verdadeiro terraplanismo argumentativo”.



No documento, os advogados de Heleno comparam o processo às investigações da Operação Lava Jato, defendendo que o julgamento deveria ocorrer na Justiça Federal de primeira instância em Brasília, e não no STF.

Eles citam como exemplo o caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), julgado em Curitiba por fatos ligados a seu mandato, mas após deixar o cargo.



“Em situação processual muito similar, o atual Presidente da República foi, no passado, denunciado e julgado em primeira instância pela Justiça Federal de Curitiba por fatos ocorridos durante seu mandato e em razão do mandato, mas, por não ser mais presidente, foram julgados e processados em primeiro grau. Tal qual na presente situação”, argumentam.

A defesa também critica o que chama de “competência esponja” do STF, afirmando que a Corte estaria se atribuindo poder para julgar qualquer fato relacionado aos eventos de 8 de janeiro de 2023, sem base legal.



A PGR incluiu Heleno no “núcleo crucial” da suposta trama golpista, ao lado de Bolsonaro e outros ex-ministros, como Anderson Torres e Walter Braga Netto. Entre as provas, está uma agenda apreendida pela Polícia Federal na casa do general, contendo anotações como “estabelecer um discurso sobre urnas eletrônicas e votações” e “é válido continuar a criticar a urna eletrônica”.



A defesa, porém, alega que a PGR manipulou o material para sustentar sua narrativa. “Não parte das anotações para se chegar à conclusão, mas alinha as palavras e páginas da agenda para casar-se com a conclusão a que pretendia chegar”, afirmam os advogados, chamando o método de “verdadeiro terraplanismo argumentativo”. Eles ainda reclamam que não tiveram acesso à íntegra da agenda, apenas a trechos selecionados pela PF, o que dificultaria uma análise completa.



Outro ponto questionado é a participação de Heleno em uma live, citada como evidência pela PGR. A defesa minimiza o fato, destacando que ele não se manifestou.

“A ‘atuação’ do denunciado seria unicamente a sua presença física na ‘live’, não tendo pronunciado uma única palavra sequer ou mesmo se manifestado em qualquer sentido”, dizem. Para os advogados, isso não seria suficiente para vinculá-lo à suposta empreitada golpista.



A petição também solicita o afastamento do ministro Alexandre de Moraes da relatoria do caso, o julgamento conjunto de todos os 34 acusados — em vez de um fatiamento — e o acesso integral a materiais apreendidos, como documentos, celulares e pen drives.

A defesa de Heleno insiste que as acusações carecem de solidez e que o processo repete erros do passado, como os da Lava Jato, pedindo que o STF reveja a condução do caso. O embate jurídico segue em aberto e pode definir os rumos das investigações sobre a alleged trama golpista.

Gostou? Compartilhe!
Next Post

Lula tenta evitar nova 'crise do Pix' após decisão do BC

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acionou sua equipe de ministros nessa quinta-feira (6) para conter uma possível crise de imagem do governo diante da nova instrução sobre o Pix. A reportagem é da CNN. A determinação é que os integrantes do primeiro escalão usem suas redes sociais para explicar […]