Derrubada de vetos sobre a conta de luz provoca crise entre ministros de Lula

direitaonline

A decisão do Congresso Nacional de derrubar oito vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, todos relacionados ao setor energético, deflagrou uma crise dentro do próprio governo, com desentendimentos entre ministros e insatisfação entre parlamentares do PT. A informação foi revelada em reportagem exclusiva do Estadão.

Segundo o jornal, dos 24 vetos presidenciais que tratavam do setor, oito foram votados e todos rejeitados. “De um total de 24 vetos de Lula tratando do setor energético, oito foram colocados em votação e todos derrubados. Os 16 demais tiveram a votação adiada.”

O que agravou a situação dentro do governo foi a postura da própria base aliada, que não seguiu integralmente a orientação do Planalto. De acordo com o Estadão, “todos os três líderes do governo no Parlamento: Jaques Wagner (PT-BA), Randolfe Rodrigues (PT-AP) e José Guimarães (PT-CE) foram favoráveis à derrubada dos vetos de Lula. Como mostrou o Estadão, o PT deu mais votos do que a oposição para a rejeição da decisão do presidente.”

Esse posicionamento rendeu críticas ao partido nas redes sociais, principalmente após a divulgação de que a decisão pode resultar em aumento na conta de luz.

“Nas redes sociais, políticos do PT estão sendo cobrados pela votação, que atendeu a lobby de setores econômicos e que terá como resultado um aumento de 3,5% nas contas de luz, segundo cálculos da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace).”

Ainda conforme o Estadão, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, tentou evitar a votação, sem sucesso. “Segundo relatos ouvidos pelo Estadão, até a hora da votação, Rui Costa tentou segurar a apreciação dos vetos, sem êxito. A oferta do governo era aceitar a derrubada do veto do Proinfa mas, em compensação, manter os demais, o que não aconteceu.”

A reportagem aponta que o governo já sabia da pressão que viria do Congresso. “A equipe política do Planalto já sabia, desde a véspera, que os políticos do Centrão da Câmara pressionavam para que fossem votados todos os vetos para atender ao lobby do setor privado.”

Diante disso, o governo tentou restringir a negociação a alguns setores específicos. “O governo cedeu então para uma negociação restrita aos setores de etanol e biomassa, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e energia eólica — um rombo de R$ 197 bilhões em 25 anos, segundo a Abrace.”

A reportagem do Estadão também relata que Rui Costa foi cobrado por não ter encaminhado uma medida provisória (MP) que poderia ter mudado o rumo das negociações.

“Em uma das conversas que teve com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), Gleisi Hoffmann e líderes da Casa, Rui Costa foi cobrado por uma medida provisória (MP) que poderia, segundo parlamentares, ter evitado a votação dos vetos.”

O texto revela que essa MP chegou a ser discutida internamente, mas nunca foi enviada. “Há pelo menos três semanas, líderes do Senado relatavam, nos bastidores, que a pasta de Alexandre Silveira havia preparado uma medida provisória que salvaria alguns setores de energia e, assim, esvaziaria o interesse empresarial na votação dos vetos. Pequenas centrais hidrelétricas e investidores de termelétricas a carvão, além do etanol, seriam contemplados. A MP, no entanto, nunca saiu da Casa Civil.”

Ainda segundo o jornal, Rui Costa foi informado por Alcolumbre de que “não havia mais o que fazer senão seguir o acordo de derrubada dos vetos para as energias renováveis.”

Por fim, o Estadão destaca que o desgaste político não se limitou ao Congresso: “O resultado da votação e a constatação de que o consumidor vai pagar mais caro pela conta de luz, no entanto, não recaiu apenas sob a responsabilidade do Congresso, mas também respingou nos políticos do PT e nos aliados da base que seguiram a orientação da equipe política do Planalto.”

A crise interna ficou ainda mais evidente diante do contraste entre a posição atual e a postura anterior do partido.

“O ressentimento, neste caso, é que o PT votou contra os jabutis na primeira rodada de votações, no ano passado, e agora saiu na foto como o seu maior defensor.”. (Foto: EBC; Fonte: Estadão)

E mais:
Apoie nosso trabalho!

Frustração: Maratona do Rio deixa corredores dos 5k sem medalhas

Hugo Motta articula novo texto para anistia do 8 de Janeiro

CEOs dizem quais duas características são comuns a pessoas bem-sucedidas

Gostou? Compartilhe!
Next Post

Em Toy Story 5 o grande novo vilão é um... tablet

Na quinta continuação da saga Toy Story, os brinquedos clássicos da Pixar enfrentarão um inimigo que representa os tempos modernos: um tablet. A novidade foi anunciada na última sexta-feira (13), durante o Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy, na França, como informou a imprensa internacional. A reportagem é […]