A China ensaia um cerco a Taiwan durante três dias de exercícios militares. O país – que vê Taiwan como uma província separatista da China – chamou a operação de “advertência severa” ao governo da ilha. Os exercícios começaram horas depois que o presidente Tsai Ing-wen voltou de uma viagem aos Estados Unidos.
O Ministério da Defesa de Taiwan disse que 71 aviões militares chineses e nove navios cruzaram a linha mediana do Estreito de Taiwan. Essa é uma linha divisória não oficial entre os territórios chinês e taiwanês. Um dos navios chineses chegou a disparar tiros de seu convés enquanto navegava perto da ilha de Pingtan, o ponto da China mais próximo de Taiwan, informou a agência internacional Reuters.
A mídia estatal chinesa disse que os exercícios militares “organizariam simultaneamente patrulhas e avanços ao redor da ilha de Taiwan, moldando um cerco completo e uma postura de dissuasão”. Acrescentou que “artilharia de foguetes de longo alcance, contratorpedeiros navais, barcos com mísseis, caças da força aérea, bombardeiros, bloqueadores e reabastecedores” foram todos implantados pelos militares da China.
Taiwan se considera um estado soberano, com constituição e líderes próprios, mas a China vê a ilha como uma província separatista que eventualmente será colocada sob o controle de Pequim – pela força, se necessário. O presidente da China, Xi Jinping, já disse, no entanto, que a “reunificação” com Taiwan “deve ser cumprida”, apesar de nunca ter falado ‘quando’.
Embora a China frequentemente realize exercícios em torno de Taiwan, o “cerco” está sendo visto como uma resposta ao encontro do presidente de Taiwan, Tsai, com o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, na quarta-feira (5).
Tsai disse hoje (8) que seu governo continuará trabalhando com os EUA e outras democracias, já que a ilha enfrenta um “expansionismo autoritário contínuo” da China. Ela fez os comentários em uma reunião com uma delegação do Congresso dos EUA em Taipei, liderada pelo presidente do comitê de relações exteriores da Câmara, Michael McCaul, que afirmou que Washington trabalha para fornecer armas a Taiwan, “não para a guerra, mas para a paz”.
A operação de três dias da China em torno de Taiwan – apelidada de “Espada Afiada Unida” – será executada até segunda-feira (10), disse o Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação do Povo (PLA).
O Ministério da Defesa de Taiwan disse que responderia aos exercícios da China “com uma atitude calma, racional e séria” com base no princípio de “não escalar conflitos nem causar disputas para defender nossa soberania e segurança nacional”.
Em agosto passado, Pequim realizou quase uma semana de exercícios em Taiwan depois que a antecessora de Kevin McCarthy, Nancy Pelosi, visitou Taipei. Os exercícios, a maior demonstração de força da China em anos, incluíram a implantação de caças e navios de guerra e o disparo de mísseis balísticos. Imagens da emissora estatal da China mostram exercícios militares em Taiwan em terra, no mar e no ar. Assista a seguir!
