O mercado financeiro aumentou a previsão de inflação para este ano. Segundo projeção do boletim Focus, divulgada hoje (16), em Brasília, pelo Banco Central, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar o ano em 5,39%. Há uma semana, o cálculo do mercado era de que a inflação este ano ficasse em 5,36%%. Há quatro semanas, a previsão era de 5,17%.
Esse é o primeiro Focus após o anúncio do pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com estimativa de 242,7 bilhões de reais em 2023, o que seria suficiente, segundo ele, para zerar o déficit e terminar o ano em superávit. Com medidas focadas no aumento de arrecadação e não no corte de despesas, o pacote soou decepcionante para o mercado.
O percentual está acima da meta de inflação para este ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (pp), para cima ou para baixo. Assim, a meta será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Para alcançar a meta inflacionária, o BC usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa está no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.
A próxima reunião do Copom está marcada para 31 de janeiro e 1º de fevereiro deste ano. Para o mercado financeiro, a expectativa é que a Selic seja mantida nos mesmos 13,75% ao ano nessa primeira reunião de 2023.
Divulgado semanalmente, o Boletim Focus reúne a projeção de mais de 100 instituições do mercado para os principais indicadores econômicos do país. Para 2024, o mercado manteve a projeção de inflação da semana passada: 3,70%. Há quatro semanas, a previsão era de que o índice fechasse o próximo ano em 3,50%. Já para 2025, a projeção é de que o IPCA – a inflação oficial do país – fique em 3,50%.
PIB
O aumento da previsão de inflação veio acompanhado de uma redução na expectativa de crescimento Produto Interno Bruto (PIB) do país este ano, que ficou em 0,77%, ante 0,78% da semana passada. Na projeção desta semana, o Focus manteve a previsão do PIB para 2024, registrada há sete dias. A nova projeção é de 1,50%. Para 2025, a estimativa é que a economia brasileira cresça 1,90%.
Taxa de juros e câmbio
O mercado também projetou alta para a taxa básica de juros, a Selic, para 2023. Na projeção divulgada nesta segunda-feira, a Selic deve ficar em 12,50%, ante os 12,25% da semana passada. Para o fim de 2024, a estimativa do mercado para a Selic se manteve estável, ficando em 9,25%. Para 2025, a previsão é que a Selic fique em 8,25%.
Quanto ao câmbio, a expectativa do mercado para a cotação do dólar em 2023 ficou em R$ 5,28, a mesma da semana passada. Para os anos de 2024 e 2025, a previsão do mercado é de que o a moeda norte-americana fique em R$ 5,30, o mesmo valor da semana anterior.
O pacote
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na quinta-feira (12) uma série de medidas fiscais na tentativa de fazer o governo registrar superávit primário em 2023. As medidas envolvem volta de cobrança de impostos, mudanças no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e uma nova renegociação especial de dívidas chamada ‘Programa Litígio Zero’.
A previsão para este ano é de um déficit de R$ 231,55 bilhões estabelecido no Orçamento Geral da União deste ano. Sob pressão do mercado financeiro para reduzir o rombo agravado pela ‘PEC da Transição’, Haddad aposta na volta de cobrança de impostos interrompidos no governo Bolsonaro e em medidas extraordinárias para arrecadar mais. Uma delas é um Refis para renegociar, com descontos, dívidas de pessoas físicas e de empresas.
De acordo com o ministro, a previsão, no cenário mais realista, é que o déficit primário feche o ano em pouco menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), entre R$ 90 bilhões e R$ 100 bilhões. Entretanto, o próprio Haddad disse durante a coletiva de imprensa que os resultados podem não ser atingidos.
As iniciativas para elevar as receitas respondem pela maior parte do plano da equipe econômica (R$ 192,7 bilhões), enquanto aquelas para reduzir despesas representam R$ 50 bilhões. Clique AQUI para ver mais.