O Brasil tem 3,4 mil pontos de recebimento de produtos eletrônicos para reciclagem. Esses pontos viabilizam a logística reversa e a destinação ambientalmente correta dos equipamentos já sem uso e estão presentes em todos os estados brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree). Também já há 21 centrais de logística reversa em capitais, com a cobertura para mais de 1,5 mil municípios.
A regulamentação para reciclagem e logística reversa do setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos foi publicada há dois anos, com o Decreto 10.240, o que impulsionou o processo no Brasil, segundo o presidente da Abree, Sergio de Carvalho Mauricio.
Em 2021, primeiro ano de implantação do sistema de logística reversa no setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, a Abree coletou 1,245 milhão de quilos de equipamentos no país.“Todos esses produtos são destinados de maneira ambientalmente correta, com certificados de destinação final por empresas registradas nos órgãos ambientais.”
Para 2022, a intenção é aumentar esse número e enfrentar um outro desafio: o trabalho de conscientização do cidadão brasileiro. Segundo Mauricio, o brasileiro sabe da existência da reciclagem, mas não atua em favor dela. “Se cada um, mídia, associações, fabricantes de produtos, comerciantes, puder levar um pouco mais de informação e conscientização para o consumidor, eu acho que, em conjunto, nós conseguimos acelerar essa mudança de coletar que, com certeza, vai deixar o país muito melhor para as próximas gerações”, destaca Mauricio.
Dia Nacional da Reciclagem
O Dia Nacional da Reciclagem, lembrado neste domingo (5), visa a conscientizar a população sobre a relevância da coleta seletiva, que faz a separação e destinação de materiais para reciclagem e reaproveitamento, de modo a diminuir os impactos causados ao meio ambiente pelo descarte incorreto de produtos.
No Brasil, em 2019, apenas 3% dos resíduos sólidos que poderiam ser reciclados eram enviados para esse processo. Hoje, o índice aumentou ligeiramente, chegando a 4%. Em países de mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA).
A falta de reciclagem adequada do lixo deixado como legado por governantes das últimas décadas tem gerado uma perda econômica significativa para o país. Levantamento feito pela Abrelpe em 2019 mostrou que somente os recicláveis que vão para lixões levam a uma perda de R$ 14 bilhões anualmente, que poderiam gerar receita e renda para uma camada de população que trabalha com essa atividade.
O presidente da Abrelpe afirmou que, nos últimos anos, houve um movimento positivo de regulação do setor por parte do Poder Público. Em abril deste ano, por exemplo, foi publicado decreto federal que criou o Programa Recicla+, de créditos para a reciclagem e de estímulo a esse mercado.
Ele lembrou ainda da aprovação, em abril passado, do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), que trouxe metas para os próximos 20 anos para a reciclagem de materiais, valorização, aproveitamento de resíduos. “Acho que, agora, a gente tem o arcabouço completo para esse setor avançar. Precisamos, realmente, fazer disso uma realidade, transformar tudo isso que está à disposição do mercado em números que venham refletir a reciclagem”, afirmou Silva Filho.
O Planares determina o aumento crescente da recuperação de resíduos e estabelece meta de 50% de aproveitamento, em 20 anos. Assim, metade do lixo gerado passará a ser valorizado por meio da reciclagem, compostagem, biodigestão e recuperação energética.
Já o Certificado de Crédito de Reciclagem (Programa Recicla+) é uma parceria entre os ministérios do Meio Ambiente e Economia e visa fomentar injeção de investimentos privados na reciclagem de produtos e embalagens descartados pelo consumidor.
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