Fabio B.S*, de 58 anos, considerado foragido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2023, foi preso no dia 16 de março durante um ato na Avenida Paulista que pedia anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Analista de sistemas de formação, ele foi abordado pela Polícia Militar enquanto estava sentado na calçada. Após a checagem de seus documentos, os agentes constataram a existência de um mandado de prisão em seu nome. A reportagem é da coluna de Ricardo Cappelli, do Metrópoles.
A detenção aconteceu no dia 16 de março, data em que o ex-presidente Jair Bolsonaro discursava no Rio de Janeiro, em um evento semelhante em Copacabana. Apesar de Bolsonaro não estar fisicamente presente em São Paulo, a manifestação na capital paulista reuniu manifestante. Após a prisão, ele foi levado a uma delegacia e posteriormente transferido para a carceragem da Superintendência da Polícia Federal.
Durante audiência de custódia promovida pelo STF, Fábio afirmou estar em situação de rua e que compareceu à manifestação com o objetivo de buscar auxílio. Ele alegou que estava “morando na rua” e que carregava todos os seus pertences pessoais consigo naquele dia. De acordo com seu depoimento, buscava algum tipo de ajuda para garantir, ao menos, dois ou três dias de estadia digna.
A primeira prisão de Soldani ocorreu em 9 de janeiro de 2023, em um acampamento montado em frente ao Quartel General do Exército. Na ocasião, ele permaneceu 11 dias detido no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, sendo liberado com uso obrigatório de tornozeleira eletrônica. No entanto, a liberdade foi revogada posteriormente pelo ministro Alexandre de Moraes, após constatação de descumprimento das medidas cautelares impostas.
Ao Supremo, o homem relatou que se deslocou de carona até Brasília em dezembro de 2022, com a intenção de morar e trabalhar na capital. Disse ainda ter morado no Nordeste, onde atuava como recepcionista em hotéis e resorts, aproveitando seus conhecimentos em idiomas estrangeiros, como inglês e italiano. “Passei 15 anos no Rio Grande do Norte. Sempre tive oportunidades em hotelaria por conta dos idiomas”, relatou.
Depois de sua liberação com tornozeleira, afirmou ter trabalhado por um tempo em uma fazenda no Distrito Federal, antes de retornar para Natal (RN). De lá, também de carona, seguiu para São Paulo a fim de participar do ato na Avenida Paulista. “Desde que saí da Papuda, minha vida desandou. Estou vivendo de bicos, tentando sobreviver como posso. Fui à Paulista para pedir ajuda, tentar alguma forma de pagar por um lugar para ficar”, declarou.
Segundo ele, o descumprimento da medida que o obrigava a permanecer no Distrito Federal ocorreu porque ele teria recebido uma passagem de ônibus para Natal. Já sobre a tornozeleira eletrônica, disse que o dispositivo apresentou defeitos e parou de carregar, impossibilitando seu uso. Sem advogado, sem telefone, emprego ou apoio familiar, ele relatou ter sido acolhido por uma pessoa em Pernambuco, onde trabalhou como caseiro em Ipojuca. “Não tinha escolha. Não conseguia mais pagar a pensão em Natal”, explicou.
Durante a audiência de custódia realizada na segunda-feira, Fábio aceitou a proposta de acordo de não persecução penal oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Ao aderir ao instrumento, reconheceu a infração cometida e concordou em cumprir medidas alternativas à prisão. No entanto, pediu a retirada de duas das exigências: o pagamento de multa e a prestação de serviços comunitários.
A Defensoria Pública da União (DPU), que atua em sua defesa, justificou o pedido afirmando que ele não possui qualquer renda fixa e depende de doações para se alimentar diariamente. “Ele precisa se virar para comer e dormir, um dia de cada vez. Nessas condições, não tem como assumir compromissos que já sabe que não conseguirá cumprir, por mais que queira”, argumentou a DPU.
Em seu relato ao juiz auxiliar do STF, o acusado informou estar com 1,82m de altura e pesando apenas 66 quilos — 14 a menos que seu peso habitual. Por conta disso, solicitou permanecer na carceragem da Polícia Federal até a homologação do acordo.
Apesar de o protocolo determinar sua transferência para o sistema prisional paulista, ele alegou receio pela própria integridade física e emocional. “Sinceramente, me conheço muito bem e tenho medo de sair daqui para outro lugar. Aqui me sinto relativamente tranquilo”, afirmou. E mais: Bancada da Segurança manda recado a Ministro de Lula: “só tem firula”. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: Metrópoles)