Órgão eleitoral anuncia reeleição de Maduro na Venezuela

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O presidente Nicolás Maduro e seu rival da oposição Edmundo González reivindicaram vitória na eleição presidencial da Venezuela nesta segunda-feira (29), enquanto Washington e outros governos estrangeiros lançaram dúvidas sobre os resultados oficiais que mantiveram o titular no poder.

A autoridade eleitoral nacional disse logo após a meia-noite que Maduro havia conquistado um terceiro mandato com 51% dos votos — um resultado que estenderia um quarto de século de governo socialista.

Com 80% das urnas apuradas, o atual presidente foi declarado vencedor ao obter 5,150 milhões de votos contra 4,445 milhões (44,2%) de Edmundo González Urrutia. O anúncio ocorreu por volta da 1h da madrugada (horário de Brasília).

Mas pesquisas de boca de urna independentes apontaram para uma grande vitória da oposição após demonstrações entusiasmadas de apoio a Gonzalez e à líder da oposição Maria Corina Machado durante a campanha.

Gonzalez obteve 70%, disse Machado , que havia sido impedida de exercer cargos públicos em uma decisão que ela considera injusta.

Gonzalez disse aos apoiadores que as regras foram violadas no dia da votação. “Nossa mensagem de reconciliação e mudança pacífica continua de pé… nossa luta continua e não descansaremos até que a vontade do povo da Venezuela seja respeitada”, disse ele.

Não ficou imediatamente claro qual seria o próximo movimento da oposição. Gonzalez também disse que não estava pedindo que os apoiadores fossem às ruas ou cometessem quaisquer atos de violência.

Mas incidentes isolados aconteceram em todo o país antes do anúncio dos resultados, incluindo a morte de um homem no estado de Tachira e brigas em locais de votação em Caracas e outros lugares. A polícia dispersou um protesto em Catia, tradicionalmente um bastião do partido governante no oeste de Caracas.

 

O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que Washington tinha sérias preocupações de que os resultados anunciados pela autoridade eleitoral não refletiam os votos do povo. A autoridade deveria ser um órgão independente, mas a oposição diz que ela atua como um braço do governo de Maduro.

Caracas e Washington têm tido uma relação adversária que remonta à era do populista de esquerda Hugo Chávez. Maduro — um ex-motorista de ônibus e ministro das Relações Exteriores de 61 anos — assumiu o cargo após a morte de Chávez em 2013 e sua reeleição em 2018 é considerada fraudulenta pelos Estados Unidos e outros, que o chamam de ditador.

Maduro presidiu um colapso econômico , a migração de cerca de um terço da população e uma forte deterioração nas relações diplomáticas, coroada por sanções impostas pelos Estados Unidos, União Europeia e outros, que prejudicaram uma indústria petrolífera já em dificuldades.

Os títulos da Venezuela e os da empresa petrolífera estatal PDVSA foram cotados entre 1,5 e 5 centavos de dólar pelos traders na segunda-feira.

O presidente argentino Javier Milei chamou o resultado oficial da eleição de fraude, enquanto Costa Rica e Peru o rejeitaram e o Chile disse que não aceitaria nenhum resultado que não fosse verificável.

O Ministro das Relações Exteriores espanhol, Jose Manuel Albares, disse que detalhes de todas as seções eleitorais devem ser apresentados para garantir resultados totalmente verificáveis. “Pedimos que a calma e a civilidade com que o dia da eleição ocorreu sejam mantidas”, disse ele.

Rússia, Cuba, Honduras e Bolívia comemoraram a vitória de Maduro. “Lembre-se de que você é sempre um convidado bem-vindo em solo russo”, disse o presidente Vladimir Putin, parabenizando Maduro.

O governo Lula vai aguardar que as atas da eleição presidencial na Venezuela estejam disponibilizadas para reconhecer os resultados do voto em Caracas, após eleições tensas. Segundo o UOL apurou, isso pode levar algumas horas para ocorrer.

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