O Governo de São Paulo e o Governo Federal anunciaram nesta sexta-feira (2) o lançamento do projeto do túnel imerso ‘Santos-Guarujá’, que será executado por meio de parceria público-privada (PPP) e investimento de R$ 5,9 bilhões.
O anúncio foi feito pelo governador Tarcísio de Freitas e por Lula (PT) durante a comemoração dos 132 anos do Porto de Santos.
Considerado o maior do hemisfério Sul, o porto é responsável por quase 30% da balança comercial do Brasil. Em 2023, o total movimentado foi de 173,3 milhões de toneladas.
“Estamos celebrando uma parceria para entregar à Baixada Santista algo que é desejado, pelos primeiros registros, há cem anos: o túnel Santos-Guarujá. Nós vamos tornar este sonho uma realidade e fazer esse túnel sair do papel. A gente está falando de cerca de R$ 6 bilhões em investimentos. Imaginem o que isto vai representar em ganho de tempo de viagem, produtividade, a quantidade de empregos gerados para trabalhadores que vão levar o sustento para casa. Está na hora, realmente, de celebrar o que é histórico. O que importa é enxergar o verdadeiro interesse público e que temos que fazer a diferença pelo cidadão”, disse Tarcísio.
Qualificado no Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP) e integrado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo petista, o projeto prevê aporte público de R$ 5,1 bilhões em investimento dividido igualmente entre o Governo de São Paulo e a União, além da participação da iniciativa privada.
O Governo de São Paulo também já iniciou o processo para emissão de nova licença prévia antes da realização do leilão, que está previsto para o segundo semestre deste ano. A consulta pública deve ser lançada em março.
Em discurso, Lula (PT) reafirmou sua visão política de o Estado ser ‘indutor’ do ‘desenvolvimento’ do país e disse que há uma narrativa no Brasil para “destruir” a imagem do poder público.
“Nós precisamos nos transformar num país altamente desenvolvido e é por isso que nós tiramos esse Porto [de Santos] da política de privatização. Nesse nosso querido Brasil se estabeleceu uma narrativa de setores da elite econômica brasileira de destruir a imagem do Estado, de destruir a imagem do poder público, a ideia de que o Estado não vale nada”, disse. “Nós queremos provar que esse porto, com a sua Autoridade Portuária, vai fazer tanto ou mais do que qualquer empresário faria nesse país, por que o que nós queremos provar é que se o Estado for responsável, o Estado vai fazer o que tem que ser feito”, acrescentou
Como será
O projeto foi desenvolvido pelo Governo de São Paulo e prevê a ligação seca entre Santos e Guarujá, com extensão total de 1,5 km, por meio de um túnel imerso de 870 metros, por baixo do canal portuário. O trecho vai ligar as regiões de Outeirinhos e Macuco, em Santos, ao bairro Vicente de Carvalho, em Guarujá.
O empreendimento prevê uma ciclovia, passagem para pedestres e três faixas de rolamento por sentido, sendo uma adaptável ao VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).
O túnel será composto por seis módulos de concreto pré-modulado. Eles serão construídos em uma doca seca e transportados por flutuação até o local onde o leito do canal será preparado. Assim, os módulos serão imersos, encaixados e fixados para concluir a estrutura.
O projeto terá grande impacto positivo no sistema viário dos municípios, principalmente na alta temporada. O túnel vai reduzir o tempo de deslocamento entre as duas cidades em cerca de 50 minutos, desafogar a Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055) e liberar o canal do porto para uso prioritário de navios de carga e de passageiros.
Diariamente, o túnel vai beneficiar cerca de 28 mil usuários do sistema de catraias e balsas – a estimativa é de redução de 70% da demanda da balsa da Ponta da Praia. Também vai garantir acesso mais rápido de caminhões aos dois terminais portuários, reduzindo em 53% a emissão veicular de dióxido de carbono.
Assista abaixo a uma apresentação do governo paulista sobre como deve ser construído e como ficará o projeto após a conclusão. O vídeo institucional é de 2014, dez anos atrás, portanto pode haver mudanças entre o divulgado à época com o projeto atual.