A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na sessão virtual encerrada em 8/3, que foi ilegal a decretação da prisão preventiva de Edson Figueiredo Menezes, ex-presidente do Banco Prosper, na Operação Golias, um desdobramento da Operação Lava-Jato do Rio de Janeiro.
A medida havia sido imposta pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, sob o fundamento de que o acusado teria participado de um esquema de desvio de recursos do Estado do Rio de Janeiro.
No julgamento, a Segunda Turma entendeu que o decreto de prisão se baseou apenas na palavra de réu colaborador, sem elementos de corroboração, o que contraria o artigo 4º, parágrafo 16, da Lei 12.850/2013.
Segundo esse colaborador da operação, o acusado teria repassado propina a Sérgio Cabral em razão da contratação da FGV para realizar a precificação da folha de pagamento do governo do Estado do Rio de Janeiro. Segundo essa narrativa, a contratação da instituição de pesquisa teria ocorrido para encobrir a contratação do Banco Prosper, representado pelo acusado.
Prevaleceu no colegiado o entendimento de que o relato do delator era ‘vago’ e apresentava ‘inconsistências’. Para o colegiado, essas ‘falhas’ esvaziariam a credibilidade desse depoimento e, por isso, seria esperado que o juízo da 7ª Vara do Rio de Janeiro examinasse a narrativa com o devido rigor e, como determina a lei, exigisse a apresentação de provas e elementos de corroboração.
Segundo o voto do ministro Gilmar Mendes, que foi acompanhado pelos ministros André Mendonça, Dias Toffoli e Nunes Marques, o juiz Marcelo Bretas se baseou em informações ‘genéricas’, como endereço do Banco Prosper e ‘comprovantes de compra de vinho’, para presumir a prática de crimes graves, como corrupção ativa, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
O raciocínio utilizado no decreto de prisão, para a Segunda Turma, era ‘frágil’, ‘inconsistente’ e esbarrava em ‘obstáculos legais’. Não havia, enfim, qualquer base empírica que justificasse a prisão preventiva, na visão dos Ministros.
Além disso, a Turma entendeu que a ‘restrição de liberdade’ (prisão) não era necessária, pois a instrução criminal poderia ser resguardada por medidas cautelares diversas da prisão (segundo os Ministros: artigo 319, inciso III, do Código de Processo Penal – CPP).
Por esses motivos, a Segunda Turma, por quatro votos a um, declarou a ilegalidade da prisão, mas manteve a proibição para o acusado manter contato com os demais investigados, nos termos do voto do Ministro Gilmar Mendes. A decisão foi tomada no Habeas Corpus (HC) 161706. A defesa de Edson Menezes declarou que sempre acreditou na Justiça. (Foto: STF; Fontes: STF; O Globo)