O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) figura entre os alvos da operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira, 23, que investiga um suposto esquema de fraudes envolvendo deduções indevidas em benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A ação, intitulada Operação Sem Desconto, conta com a colaboração da Controladoria-Geral da União (CGU) e aponta um prejuízo bilionário aos beneficiários da Previdência Social.
Atualmente, o cargo de vice-presidente do Sindnapi é ocupado por José Ferreira da Silva, o “Frei Chico”, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao ser procurado pelo Estadão, Frei Chico declarou: “Assumi a direção da entidade há pouco tempo e espero que a PF apure todas as irregularidades”.
Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo, presidente do sindicato, também se manifestou, alegando desconhecer os motivos que levaram a entidade a ser mencionada nas investigações.
Segundo ele, “não houve qualquer tipo de apreensão. Todas as entidades que detêm acordo de cooperação técnica junto ao INSS estão nessa investigação”. Ainda conforme Cavalo, a sede do sindicato não foi alvo de mandado judicial ou busca da PF.
Com sede em São Paulo e cerca de 350 mil filiados no Brasil, o Sindnapi divulgou duas notas públicas. Uma delas expressa apoio à apuração conduzida pelas autoridades. A outra, em defesa de Frei Chico, destaca sua trajetória:
“Formada majoritariamente por ex-dirigentes de sindicatos de trabalhadores, a diretoria reúne lideranças com mais de 25 anos de atuação no movimento sindical brasileiro. Entre esses nomes está José Ferreira da Silva, o Frei Chico, atual vice-presidente da entidade. Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem uma trajetória respeitada no sindicalismo. Iniciou sua militância ainda nos anos 1960, antes mesmo do irmão, como metalúrgico em São Bernardo do Campo (SP), e foi um dos pioneiros na organização dos trabalhadores no ABC Paulista. Atuou com coragem durante o regime militar, sendo uma das vozes mais firmes na luta pela redemocratização do Brasil e pelos direitos dos anistiados políticos”.
No comando da entidade, Frei Chico ocupa a segunda posição no organograma, subordinado apenas a Milton Cavalo. Recentemente, Cavalo foi nomeado como membro titular do Conselho Nacional da Previdência Social, conforme publicação de 11 de abril assinada pelo ministro Carlos Lupi.
A investigação aponta que pelo menos 11 organizações estariam envolvidas em um sistema que realizava descontos diretamente da folha de pagamento dos segurados do INSS, sem consentimento claro ou informado dos beneficiários. Os valores retidos, desde 2016, somam R$ 7,99 bilhões, sendo a quase totalidade considerada irregular, segundo a PF.
De acordo com Vinicius de Carvalho, ministro da CGU, foram ouvidos 1.300 aposentados e pensionistas, a maioria sem conhecimento prévio sobre as deduções: “Em geral, eles não identificaram a solicitação pelo benefício — não autorizaram — ou disseram acreditarem ‘ser um desconto obrigatório’”, afirmou.
Durante a operação, os agentes realizaram buscas em 14 unidades da federação, incluindo o Distrito Federal. Foram apreendidos automóveis, joias, obras de arte e grandes quantias em dinheiro. Entre as entidades mencionadas na investigação estão: Contag, Ambec, Conafer, AAPB, AAPPS Universo, Unaspub, APDAP Prev (antiga Acolher), ABCB/Amar Brasil, CAAP e AAPEN (antiga ABSP).
Seis servidores públicos foram afastados de suas funções após o avanço das apurações. Um deles foi o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que, conforme apurou a coluna do Estadão, deixou o cargo por determinação direta do presidente Lula. Um policial federal, cujo nome não foi revelado, também foi retirado de suas atividades. E mais: Barroso canta com cantor sertanejo em festa do presidente do Republicanos. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: Estadão)
