O mercado brasileiro enfrenta uma forte pressão, evidenciada pela retirada líquida de R$ 24,2 bilhões por investidores estrangeiros em 2024, segundo a consultoria Elos Ayta. Este é o primeiro saldo negativo em três anos e o pior desempenho desde 2016. Antes disso, saídas líquidas haviam sido registradas apenas em 2018 e 2019, sendo a última no valor de R$ 6,5 bilhões.
No período recente, o ano de 2022 apresentou o melhor desempenho, com uma entrada líquida de R$ 119,79 bilhões, enquanto entre 2021 e 2023 o mercado brasileiro atraiu R$ 217,2 bilhões em aportes internacionais.
Em contraste, a saída de recursos em 2024 contribuiu para a alta de 27,3% do dólar e a queda de 10,34% no Ibovespa, refletindo a aversão ao risco, tanto de investidores estrangeiros quanto locais.
A principal causa apontada é a perda de credibilidade fiscal do governo, agravada pela alteração das metas de endividamento em abril e um pacote de corte de gastos considerado insuficiente.
Entre os problemas, destacam-se a falta de clareza sobre como o governo calculou uma economia de R$ 70 bilhões, enquanto projeções independentes estimam valores entre R$ 40 e R$ 50 bilhões. Além disso, o anúncio da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 gerou frustração no mercado, que esperava medidas mais firmes para controlar a dívida pública.
“A saída de recursos em 2024 evidencia desafios estruturais e conjunturais, como a percepção de risco associado ao ambiente político e econômico no Brasil, além de movimentos globais de aversão ao risco”, afirmou Einar Rivero, fundador da Elos Ayta, em entrevista ao portal Exame.
O fluxo de capital estrangeiro funciona como um termômetro da atratividade do mercado brasileiro no cenário internacional. Segundo Rivero, recordes de saída, como os registrados neste ano, refletem a instabilidade que desestimula a confiança dos investidores externos.
A Receita Federal ampliou a obrigatoriedade do envio de informações e passará a receber dados das operadoras de cartão de crédito e das instituições de pagamento (IP). A regra foi anunciada em setembro e entrou em vigor em janeiro de 2025. #CNNBrasil pic.twitter.com/LUbjjqbpKm
— CNN Economia (@CNNEconomia) January 4, 2025