A Rússia não gostou nenhum um pouco da mais recente posição do governo brasileiro na ONU. Isso porque a Assembleia Geral adotou, na quinta-feira passada (23), uma resolução pedindo fim da guerra na Ucrânia. O texto, que foi à votação um dia antes do conflito completar um ano, teve 141 votos a favor, sete abstenções e 32 contra.
Entre os que se abstiveram estão China, Índia, Moçambique e Angola. Os países que votaram contra o texto são Rússia, Belarus, Coreia do Norte, Síria, Mali, Eritreia e Nicarágua. O Brasil votou a favor. Clique AQUI para ver mais.
Hoje (2), Serguei Ryabkov, vice-chanceler russo e um dos principais negociadores do Kremlin, afirmou que “lamenta” o voto do Brasil. As informações foram divulgadas pelo colunista Jamil Chade do UOL. As queixas russas foram dadas em Genebra, numa entrevista coletiva e em resposta às perguntas do portal de notícias brasileiro.
O diplomata ainda disse que “respeita” a vontade política do governo lula em buscar uma ‘solução’ para a guerra. Mas afirma que não há “necessidade” de uma mediação.
Na semana passada, o governo russo chegou a dizer que Moscou estava analisando a proposta de paz feita por Lula para finalizar a guerra entre Rússia e Ucrânia. “Tomamos nota das declarações do presidente do Brasil sobre o tema de uma possível mediação, a fim de encontrar caminhos políticos para evitar a escalada [da guerra] na Ucrânia” disse Galuzin em entrevista a Tass, agência estatal russa. Após o voto na Assembleia da ONU, porém, a posição mudou.
“Claro que é lamentável que o Brasil tenha votado da forma que fez. O voto mostra que foram feitas considerações outras que não aquelas sóbrias e uma profunda avaliação sobre o que ocorre e o que precedeu essa situação atual”, disse o russo.
“Essas considerações continuam. Se o Brasil fosse capaz de apreciar de forma completa a lógica intrincada desse caso trágico e desafiador, então acho que o Brasil votaria numa forma que pelo menos seria de abstenção”. Apesar do voto do governo brasileiro, o negociador do Kremlin insistiu que a conversa e a ‘relação positiva’ com o governo Lula continuam, diz a reportagem de Jamil.