O presidente Vladimir Putin concedeu nesta segunda-feira (26) a cidadania russa ao ex-contratado de inteligência dos Estados Unidos Edward Snowden, nove anos depois de expor a escala das operações de vigilância secreta da Agência de Segurança Nacional (NSA).
Snowden, 39, fugiu dos Estados Unidos e recebeu asilo na Rússia depois de vazar arquivos secretos em 2013 que revelavam vastas operações de vigilância doméstica e internacional realizadas pela CIA, onde ele trabalhava.
As autoridades dos EUA há anos querem que ele retorne aos Estados Unidos para enfrentar um julgamento criminal por acusações de espionagem. O nome de Snowden apareceu em um decreto de Putin que confere cidadania a uma lista de 72 pessoas nascidas no exterior.
A notícia levou alguns russos a perguntar em tom de brincadeira se Snowden seria convocado para o serviço militar, cinco dias depois de Putin anunciar a primeira mobilização pública da Rússia desde a Segunda Guerra Mundial para reforçar sua vacilante invasão da Ucrânia.
“O Snowden será convocado?” Margarita Simonyan, editora-chefe do meio de comunicação estatal RT e defensora vocal de Putin, escreveu com ironia em seu canal Telegram.
O advogado de Snowden, Anatoly Kucherena, disse à agência de notícias russa RIA que seu cliente não poderia ser chamado porque não havia servido anteriormente no exército russo.
Ele disse que a esposa de Snowden, Lindsay Mills, que deu à luz um filho em 2020, também solicitaria a cidadania.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, disse que desconhecia qualquer mudança no status de Snowden como cidadão americano. “Estou familiarizado com o fato de que ele de alguma forma denunciou sua cidadania americana. Não sei se ele a renunciou”, disse Price em entrevista coletiva.
A Rússia concedeu a Snowden direitos de residência permanente em 2020, abrindo caminho para que ele obtivesse a cidadania russa. Naquele ano, um tribunal de apelações dos EUA considerou que o programa que Snowden havia exposto era ilegal e que os líderes de inteligência dos EUA que o defenderam publicamente não estavam dizendo a verdade.
Putin, um ex-chefe de espionagem russo, disse em 2017 que Snowden, que mantém um perfil discreto enquanto mora na Rússia, estava errado ao vazar segredos dos EUA, mas não era um traidor. E veja também: Mendonça rejeita investigação contra Bolsonaro com base em reportagem do UOL. Clique AQUI para ver.